O parecer da Direção Geral da Saúde enviado à Federação que foi tornado público no domingo motivou uma série de reações, de jogadores a clubes. Também por isso, e para que tudo ficasse esclarecido, Fernando Gomes chamou o Comité de Emergência, que conta com Liga, Sindicato de Jogadores, ANTF, APAF, Associação de Médicos e Associações Distritais além da Federação, esta segunda-feira. E seguiram-se outras reuniões ao longo do dia. Como resumo, todos os pontos ficaram assentes e qualquer alteração será consequência da própria evolução da pandemia no país e não sobre algum ponto em específico que diga respeito apenas ao futebol ou desporto em concreto.

David Tavares, do Benfica, positivo. Liga com 11 casos já conhecidos. Trio portista contra Código de Conduta

Além dessa convocatória do Comité de Emergência, a Liga, representada por Helena Pires, o especialista Filipe Froes e o médico João Pedro Araújo, diretor clínico do Sporting em representação de todos os clubes, interagiu também com os peritos da Federação. E houve também uma outra reunião, a pedido do presidente do Sindicato de Jogadores, Joaquim Evangelista, de Adalberto Campos Fernandes e os capitães de equipa da Primeira Liga, onde ao longo de quase duas horas foram dissecados vários pontos do parecer da DGS.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

No seguimento das críticas de alguns jogadores como Danilo, Zé Luís e Soares, do FC Porto, ou Francisco Geraldes, do Sporting, os capitães foram esclarecidos sobre o ponto 1, que dizia que “Federação, Liga, clubes e atletas assumem, em todas as fases da competição e treinos, o risco de infeção, bem como a responsabilidade de todas as eventuais consequências clínicas da doença e do risco para a saúde pública”, bem como aquele que refere que “o compromisso é subscrito, sob a forma de um Código de Conduta assinado, entre todos os agentes desportivos e as estruturas competentes da FPF e Liga Portugal, e outras que sejam consideradas necessárias”. Em paralelo, foi discutido também o protocolo de confinamento para os atletas e outros pontos como os seguros e as condições de trabalho, explicadas por Adalberto Campos Fernandes, ex-ministro e especialista em Saúde Pública.

[Ouça aqui a entrevista de Joaquim Evangelista na rádio Observador]

Código de Conduta do futebol assinado, depois de reunião em que “os capitães de equipa puderam esclarecer todas as dúvidas”

“O protocolo suscitava várias dúvidas e pedimos para que os capitães de equipa fossem esclarecidos, numa sessão positiva e esclarecedora que tranquilizou os jogadores. É muito importante que todos tenham essa capacidade de tranquilizar os seus agentes. Sobre o ponto 1, por exemplo, foi explicado que é um consentimento informado e que nem será necessário uma declaração individual. Não há perda ou renúncia de direitos. E em primeiro lugar vem a relação com os clubes e os departamentos médicos”, disse Joaquim Evangelista à rádio Observador.

O parecer da DGS para o regresso do futebol: Código de Conduta para todos, resultados negativos e testes antes do jogos

“Todos os setores, futebol, creches ou restauração, terão regras próprias para evitar perigos para a saúde pública, validadas pela DGS. Temos de respeitar. Temos o dever de cidadania de ajudar as pessoas, que estão a viver com muita angústia e incerteza este regresso à normalidade. É normal que as regras do futebol sejam mais apertadas e exigentes. A Bundesliga vai começar, podemos corrigir o que for mal feito. Era importante que este protocolo fosse feito, os jogadores estão esclarecidos e agora depende da evolução”, acrescentou o líder do Sindicato.

“É importante fazer um plano estratégico para os próximos cinco anos, para mudar de paradigma e enquadrar a realidade do futebol. O Sindicato tomou consciência disso, os clubes também, os jogadores também mas ainda há alguns que continuam a olhar mais para o seu umbigo”, concluiu Joaquim Evangelista.