As burlas com recurso à app MBWay tornaram-se uma “praga”, diz uma fonte policial ao Público, mas os juristas da associação de defesa do consumidor Deco consideram que não há forma de imputar as perdas aos bancos ou à SIBS, a empresa que criou e gere o serviço (e cujos acionistas são os bancos). Em contraste com o que acontece, por exemplo, com a clonagem de cartões, nestes casos existe uma participação ativa – incauta – por parte dos burlados, pelo que não parece haver base legal para os lesados pedirem ressarcimento.

Só nos primeiros cinco meses do ano foram apresentadas 2.560 denúncias de burlas por MBWay, segundo dados citados pelo Público, um número que inclui as queixas apresentadas na PSP e na GNR mas não na Polícia Judiciária. São 17 denúncias por dia, acrescenta o jornal, que normalmente se baseiam em levar o vendedor de um artigo em segunda mão, por exemplo, a ir a uma caixa multibanco associar à sua aplicação o número de telemóvel (descartável) do burlão. O vendedor é levado a dar a outra pessoa o acesso pleno à sua conta bancária, pensando que está a introduzir aquele número para dali receber uma quantia.

A SIBS defende-se lembrando que quando o utilizador prestes a associar à sua conta um número de telemóvel diferente lhe aparece no ecrã (da caixa multibanco) um aviso em letras vermelhas a perguntar se é mesmo isso que pretende fazer. Mas apesar desse aviso, há muita gente que “cai que nem um patinho”, como reconheceu um burlado que falou para a reportagem do Público.

A Deco lembra que as pessoas que para usar o MBWay é necessária “alguma literacia digital e financeira” mas podia, ou não, a SIBS estar a fazer mais para evitar estes casos? Ao Público, a SIBS sublinha que “tem investido em sistemas adicionais de segurança e testado soluções que permitam mitigar novas ocorrências ou minimizar o impacto das situações ocorridas”, sem especificar. Mas um especialista em engenharia da computação, José Tribolet, defende que “o sistema podia e devia ter segurança extra”, designadamente uma sistema de dupla confirmação da alteração de número associado, algo que a Deco indica que a Sibs já está a preparar, no que é um processo que demora algum tempo a concretizar.

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