As duas associações representativas das empresas de diversão e restauração itinerante lamentaram esta quarta-feira ainda não haver data para começaram a trabalhar, no contexto da Covid-19, apesar de saberem que o processo está em curso nas autoridades de saúde.

O presidente da Associação Portuguesa de Empresas de Diversão (APED), Francisco Bernardo, disse à agência Lusa que o setor ainda não obteve resposta ao processo que está a decorrer, considerando que o prazo está “a ficar curto”.

Se tudo corresse bem, no início de julho tínhamos a autorização para começar, mas agora as últimas notícias [aumento dos casos de Covid-19] não animam nada. Está a ficar curto o prazo para que as coisas comecem pois não pode ser de um dia para o outro”, sublinhou Francisco Bernardo.

Também o presidente da recém-criada Associação dos Profissionais Itinerantes Certificados (APIC), Luís Fonseca, lamentou não ter havido ainda uma resposta por parte das autoridades, avisando que o setor “não está preparado para ser de novo enganado”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Desmobilizámos o protesto porque deram a garantia que nos iam resolver a situação até ao final do mês e, até agora, nada, não responderam a qualquer email nestes últimos oito dias”, avançou, acrescentando compreender que o número de casos de infeção com o novo coronavírus aumentou e que isso acarreta trabalho.

Luís Fonseca disse que, até ao momento, nenhuma das cerca de 100 pessoas que esteve a manifestar-se em Lisboa em 16 de junho junto à Direção-Geral da Saúde está com sintomas da doença, sublinhando que na sexta-feira tem uma reunião na Segurança Social e que vai “procurar resposta” junto da DGS.

“Depois de todo o trabalho alcançado, os empresários começam a ficar desesperados, revoltados mesmo. Há alguns que se forem para a falência ganham mais do que estar em layoff, mas querem esperar”, explicou. “Está quase o fim do mês a chegar e não cumprem com a palavra dada”, reiterou.

A Associação dos Profissionais Itinerantes Certificados recebeu em 16 de junho garantias da Direção-Geral da Saúde (DGS) de que os empresários de diversão itinerante vão poder retomar a atividade, pelo que cancelaram a continuação dos protestos que tinham agendados em Lisboa.

“É uma grande vitória, mas foi preciso ameaçar e fazer força. Eles [DGS] aceitaram todas as nossas propostas e amanhã ou depois vão assinar um papel que nos permitirá trabalhar”, disse, na ocasião, à agência Lusa, o empresário Daniel Sousa, da APIC, explicando que, com essa autorização, os empresários podem depois comunicar a atividade aos municípios.

Em causa estão propostas sobre o protocolo sanitário, que tinham sido apresentados pela associação em 4 de junho.

Devido ao surto de Covid-19, os negócios itinerantes em eventos culturais, feiras, festas, romarias e circos, a maioria das quais canceladas, ficaram comprometidos.

Em 15 de março, o Governo anunciou que as feiras e os mercados de venda de produtos, excluindo as de diversão, podiam reiniciar a sua atividade a partir de 18 de maio, “devendo para tal existir um plano de contingência”.

Em 5 de maio, a Assembleia da República aprovou um diploma do grupo parlamentar comunista, com a abstenção do PS, PSD, CDS e IL, que cria um regime de apoio à atividade dos feirantes.

Apesar de aprovado na generalidade, o diploma ainda não é lei, dado que é necessário ser discutido e votado na especialidade na comissão, no caso a de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação.