“Penso que o Newcastle deve estar especialmente contente por estar a perder só por um golo. O Kevin De Bruyne parece que está em todo o lado e têm de conseguir travá-lo para lutar pela vida. Com uma melhor finalização, o City já podia estar a ganhar pelo menos por dois ou três golos”, dizia Alan Shearer, antiga referência do ataque não só da seleção inglesa mas também dos magpies. “Este Manchester City é incrível. Tenho pena do Newcastle em algumas fases. O Newcastle está demasiado recuado e não conseguem chegar o suficientemente longe no campo para causar problemas. Tenho pena do [Andy] Carroll. Podemos olhar para ele e dizer que não está a fazer um bom jogo mas na verdade ele tem estado bem”, acrescentou Micah Richards, ex-internacional e defesa dos citizens.

Ao intervalo, o “rolo compressor” do Manchester City tinha passado por cima de um Newcastle que se colocou a jeito com uma estratégia defensiva de 5x4x1 que funcionou como convite para o autêntico massacre do conjunto de Pep Guardiola durante 45 minutos. Algumas comparações: o City fez 15 remates contra dois do adversário, ganhou quatro cantos contra nenhum do adversário, não teve qualquer fora de jogo contra quatro do adversário, teve um total de 82% de posse contra apenas 18% do adversário. O 1-0 era mesmo lisonjeiro. E olhando para as duas figuras destacadas pelos agora comentadores da BBC, Kevin de Bruyne tinha feito cerca de 90 passes ao longo da primeira parte com 96% de eficácia enquanto Andy Carroll só tinha dado nas vistas num lance logo a abrir o encontro em que esticou em demasia o braço e acabou por acertar com força na cara de Laporte.

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Por tudo isto, nunca um intervalo foi tão esperado por todos os que assistiam à partida. Pelo Newcastle, para tentar corrigir posicionamentos e no mínimo ter uma participação melhor no que restava jogar; pelo Manchester City, e pelos adeptos do futebol, para esperar pelo sorteio das meias-finais da Taça de Inglaterra. Mais do que estatísticas, todos aguardavam por outros números e pela possibilidade de haver dérbis no cruzamento rumo ao encontro decisivo da prova, algo que acabou por não se confirmar nesse momento que durou menos de um minuto.

  1. Arsenal (que ganhou à hora de almoço ao Southampton por 2-0)
  2. Newcastle ou Manchester City
  3. Manchester United (que derrotou ontem o Norwich no prolongamento por 2-1)
  4. Chelsea (que venceu na tarde deste domingo o Leicester por 1-0)

Ou seja, e como o 1 defrontava o 2 e o 3 teria pela frente o 4, o Manchester City defrontaria em caso de triunfo o Arsenal em mais um reencontro entre Pep Guardiola e Mikel Arteta depois da vitória fácil dos citizens no regresso da Premier League por 3-0, enquanto o Manchester United terá pela frente o Chelsea em jogos marcados para o Estádio de Wembley em julho mas ainda com data final por confirmar. Essa foi, de facto, a notícia do jogo.

Antes, foi um passeio para o Manchester City que jogou 48% do tempo no meio-campo adversário e 40% no centro do terreno. Mahrez, assistido por David Silva numa jogada que começou mais uma vez na visão de jogo de Kevin De Bruyne, teve o primeiro remate com perigo mas que saiu por cima (11′), antes de nova tentativa de fora da área que passou a rasar o poste da baliza de Karl Darlow (19′). Mesmo perante esses remates de meia distância, a defesa do Newcastle recusava subir um pouco mais sem bola e um lance em que Sterling rematou para defesa do guarda-redes dos magpies foi um exemplo paradigmático disso mesmo, com uma série de tentativas que foram batendo na muralha contrária sem que a bola saísse da zona de perigo (25′).

O golo era uma questão de tempo e acabou por surgir de grande penalidade, numa falta cometida por Fabian Schär sobre Gabriel Jesus que foi transformada da melhor forma pelo aniversariante Kevin De Bruyne (37′), o melhor em campo que coroou mais uma exibição de excelência com o golo inaugural que podia não ser o único até ao intervalo depois de um desvio de cabeça de Laporte nos descontos que saiu também a rasar a baliza.

Para o segundo tempo, o técnico Steve Bruce mandou avançar as linhas, tentou ainda assim fazer mais o jogo pelo jogo apesar de Carroll continuar a dar mais nas vistas pelas entradas duras sobre Laporte do que propriamente pela criação ou finalização de oportunidades e teve uma oportunidade de ouro para poder inverter o que se passava em campo na sequência de uma grande jogada na direita de  Saint-Maximin desperdiçada de forma incrível por Gayle quando estava sozinho à entrada da pequena área (66′). Não marcou o Newcastle, aumentou o Manchester City: já depois de um remate de fora da área de Mahrez que rasou a trave (53′), Sterling foi da esquerda para o centro, atirou mais em jeito do que em força e conseguiu bater Karl Darlow para o 2-0 aos 68′ que arrumou as contas numa altura em que Bernardo Silva já tinha entrado (João Cancelo saiu depois também do banco).