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Taboadella. O grupo Amorim chegou ao Dão com vinhos clássicos e uma adega de design

Este artigo tem mais de 3 anos

Depois do sucesso no Douro, o grupo Amorim voltou-se para o Dão. Na Taboadella, quinta de alma romana, nasceram 8 referências que fazem jus ao perfil clássico da região, com incidência nos monocasta.

A Taboadella, encaixada que está entre o Vale do Pereiro e o Vale do Sequeiro, foi adquirida em junho de 2018 por 1,25 milhões de euros
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A Taboadella, encaixada que está entre o Vale do Pereiro e o Vale do Sequeiro, foi adquirida em junho de 2018 por 1,25 milhões de euros

© João Ferrand - Fotografia

A Taboadella, encaixada que está entre o Vale do Pereiro e o Vale do Sequeiro, foi adquirida em junho de 2018 por 1,25 milhões de euros

© João Ferrand - Fotografia

Foi a viagem que Luísa Amorim fez ao Dão, algures entre 2008 e 2010, que lhe chamou a atenção para a região vizinha do Douro vinhateiro. O potencial, a história e o perfil de vinhos descobertos naquela aventura de uma semana deixaram-lhe com a pulga atrás da orelha. “Temos por sistema, senão todos os anos, a cada dois visitar regiões vitivinícolas no mundo com propósitos diferentes. Nessa altura decidimos vir ao Dão”, conta a CEO ao Observador num evento de apresentação do novo projeto. A ideia de produzir nesta zona ficou a pairar no ar até que, um dia, a quinta da Taboadella veio “parar-lhe às mãos”.

A Taboadella, encaixada que está entre o Vale do Pereiro e o Vale do Sequeiro, foi adquirida em junho de 2018 por 1,25 milhões de euros, e marca o posicionamento dos Amorim no Dão. “Quase que era impossível ter o projeto a horas por causa da Covid-19”, admite aquela que é também a administradora da Quinta Nova Nossa Senhora do Carmo, o projeto vinícola de duas décadas do grupo no Douro. “Tudo começou por causa do Alfrocheiro. Estávamos com o bichinho de fazer coisas novas”, continua Luísa. “Ficámos malucos com a qualidade que encontrámos aqui. Tintos e brancos. Até as pessoas são boas.”

Na Taboadella, cuja ocupação remonta ao século I, é dado grande destaque às castas antigas como Jaen, Touriga Nacional, Alfrocheiro e Tinta Pinheira e, com um encepamento mais recente, Tinta Roriz, Encruzado, Cerceal-Branco e Bical. A idade média das videiras é de 30 anos, ainda que os responsáveis pelo projeto acrescentem que algumas delas já atingiram um século de vida. E entre os 40 hectares de vinhas em produção integrada — plantadas entre os 400 e os 530 metros de altitude — há predominância de uvas tintas (29 hectares) e só depois de brancas (os restante 11).

Existem oito referências produzidas nas vinhas da Taboadella, com especial incidência nos monocasta (© João Ferrand – Fotografia)

Os oito vinhos que agora chegam ao mercado têm uma linha identitária clara, isto é, são clássicos, apresentam uma complexidade interessante, bem como frescura, além de potencial de envelhecimento. Começam nos vinhos de lote Villae branco e tinto (9,90 euros cada), passam pelos Monovarietal Reserva, que pretendem expressar cada casta individualmente (Encruzado, Alfrocheiro, Jaen e Touriga Nacional; 15,90 euros) e culminam nos Grande Villae branco e tinto, os topos de gama (38 e 59 euros, respetivamente). O projeto que emprega 10 pessoas tem como expetativa a médio prazo chegar às 300 mil garrafas por ano.

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“Hoje o consumidor português está mais aberto a provar vinhos de diferentes regiões do que estaria há 20 anos. Temos mais turismo, mais restaurantes, mais capacidade financeira enquanto país. E, naturalmente, acho que o Dão se modernizou muito nos últimos 10 anos. Leva o seu tempo, talvez por ser [uma região] mais tradicional, com raízes mais profundas. Às vezes, as regiões e as marcas também sofrem porque não são novidade”, destaca ainda Luísa Amorim em conversa com o Observador. “Acho que o Dão está a outra vez a reviver um bom momento.”

O lagar romano, a adega de design e o mar de vinhas

A primeira vindima, ainda de 2018, foi feita na adega antiga mas com equipamentos novos. Um “desafio”, nas palavras do enólogo Jorge Alves, que resultou em vinhos interessantes que agora chegam ao mercado. Mas em duas colheitas muito mudou e, no lugar da velha adega, foi erigido um projeto de design assinado pelo arquiteto Carlos Castanheira, que já várias vezes colaborou com Siza Vieira — 2020 marca a primeira vindima a acontecer aqui.

Na adega de 2500 m2 a vinificação acontece por gravidade. A estrutura foi construída tendo por base princípios ecológicos e com recurso a materiais naturais, incluindo madeira e cortiça (como não podia deixar de ser), e vai facilmente assumir-se como um dos cartões de visita da extensa propriedade. O trabalho de Carlos Castanheira surge imponente e rodeado por um mar de vinhas. Grandes portas ao estilo daquelas de cavalariças levam-nos para um interior que está em permanente contacto com a floresta que, à semelhança dos vinhedos, também pontua a paisagem.

A adega de design é autoria do arquiteto Carlos Castanheira; um dos ex-líbris da adega é o passadiço em madeira construído em altura sobre a sala de barricas (© João Ferrand - Fotografia)

João Ferrand - Fotografia

A obra arquitetónica assente em duas naves está ainda dotada de um passadiço em madeira construído em altura sobre a sala de barricas, onde o vinho repousa em 75 vasilhas de aduelas de carvalho francês, e de uma sala de provas que se estende até uma varanda com vista para os 40 hectares de mancha de vinha única. A casa principal da Taboadella fica do lado oposto da adega, com as paredes em pedra a fazerem lembrar um edifício saído da Toscana — as duas estruturas estão interligadas por um caminho de terra batida e passam o dia de olhos postos uma na outra.

Na quinta de alma romana — tanto que existe um lagar romano, considerado um dos mais antigos vestígios de vinificação no Dão — aposta-se forte no enoturismo que vai além das visitas à adega. A Wine House surge como ponto de receção, onde se vendem os vinhos da casa e onde iguarias gastronómicas invadem um armário de mercearia vintage. São exemplo o queijo Serra da Estrela, os chocolates tradicionais da Chocolateria Delícia Viseu, os Fumeiros Montemuro ou o bolo negro e a broa de Loriga.

Há ainda espaço para o artesanato local feito por artistas da região: é o caso da ceramista Maria do Amparo que dá vida a painéis de azulejos de grandes dimensões e molda pratos, taças e jarras, obras em barro e faianças pintadas à mão. Naturalmente que na Wine House — com portas pintadas a vermelho, chão em tijoleira e uma sucessão de janelas a fazer a vez de paredes  — também se fazem provas de vinho. E desde o final de junho que este espaço está a pronto a receber visitantes (provas a partir de 12 euros por pessoa; visitas sem prova também a partir de 12 euros).

Na Wine House vendem-se os vinhos da casa, mas também iguais regionais e artesanato local (© João Ferrand – Fotografia)

Por enquanto a antiga casa senhorial da Taboadella, batizada Villae 1255, continua a ser convertida em alojamento — o projeto de interiores é idealizado por Ana Vale, a arquiteta portuense que também reconverteu o antigo celeiro da propriedade na Wine House. A inauguração do hotel está prevista para 2021, sendo que a Villae 1255 será alugada apenas em regime de exclusividade e por um período mínimo de dois dias. Ao todo, serão oito quartos disponíveis no edifício de pedra com morada fixa em Silvã de Cima, no coração da Região Demarcada do Dão.

Luísa Amorim, que ainda há um ano lançava o projeto pessoal no Alentejo, diz agora que, apesar de ser nativa da Régua, “metade do coração já está no Dão”.

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