Primeiro, dezenas e dezenas de pessoas concentradas perto da zona onde o FC Porto passou as últimas horas antes de rumar ao Dragão para o encontro com o Belenenses SAD. Com camisolas, com cachecóis, com uma esperança de alguém poder acenar quando o autocarro passasse quase como se fosse uma daquelas concentrações da Volta a Portugal a 15 quilómetros da meta em que passam os fugitivos, o pelotão e… finito. A seguir, umas motas junto da viatura, quase como se fossem uma guarda protetora da equipa entre acenos para o interior. Por fim, mais perto do recinto mas ainda fora do perímetro de segurança, centenas de adeptos da claque Super Dragões com bandeiras gigantes, uns potes de fumo, muitos cânticos e uma última força para o encontro da noite.

O ADN de Pavão ou Seninho que constrói Otávios e Fábios (a crónica do FC Porto-Belenenses SAD)

A aglomeração de adeptos nas imediações do Dragão, passando ao lado de qualquer distanciamento social como em qualquer concentração do género, teve ainda umas bastonadas à mistura, fez o autocarro abrandar mas acabou com o líder da claque, Fernando Madureira, a pedir aos adeptos que se afastassem um pouco mais para trás. O que deveria ser apenas mais uma manifestação de apoio quase que se transformou numa festa antecipada pela vitória de um título que ainda não está conquistado. Ainda assim, ficou mais perto. E se o FC Porto pode ser campeão já esta quinta-feira (caso ganhe em Tondela e o Benfica perca em Famalicão), Fábio Vieira leva outras razões para recordar de uma noite que dificilmente vai esquecer numa carreira que está agora a começar.

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“Temos de colocar a equipa em primeiro lugar. Eu estou aqui para ajudar e o Fábio Vieira, não só ele, mas todos os que vieram da formação, estão a trabalhar de forma incrível. Ele estava confiante, eu disse para ele bater e ele marcou”, recordou Alex Telles a propósito do livre direto que deu o 4-0 no primeiro golo do jovem esquerdino nos seniores dos azuis e brancos. “Tenho testemunhas no banco que podem comprovar que, a partir do momento em que o Alex decidiu não bate o livre, concordei. É isso que eu quero, quero personalidade e caráter. Fica esse momento do Fábio Vieira, de personalidade e caráter. Tem de se ter essa personalidade para jogar no FC Porto. Fico mais chateado se ele não correr na transição defensiva. Não ficava aborrecido se a bola não entrasse”, acrescentou depois Sérgio Conceição, ambos na zona de entrevistas rápidas da SportTV.

“Houve alguns momentos do jogo em que gostei mais. Podíamos ter feito mais na primeira parte. A equipa, quando não está bem com bola, sofre também no processo defensivo, tudo associado. A segunda parte foi bem melhor em tudo, fizemos cinco golos e penso que é um resultado volumoso demais para o que o Belenenses fez na primeira parte. Não podemos controlar o que o adversário quer fazer. Acho que era importante sermos fiéis ao que nós somos. Não fomos em alguns momentos da primeira parte. Faltou um pouco de discernimento. Fizemos um jogo interessante, quero dar os parabéns a todos, principalmente a um menino que se estreou a marcar [Fábio Vieira]. Não lanço os miúdos porque ficam bem na fotografia”, acrescentou o treinador dos azuis e brancos.

Desde a primeira jornada do Campeonato passado que o FC Porto não marcava cinco golos no Campeonato e pela primeira vez esta temporada viu dois suplentes marcarem no mesmo encontro, sendo que a noite foi de Fábio Vieira que, aos 20 anos, conseguiu fazer o primeiro golo pelos seniores dos dragões, naquele que foi o 100.º golo oficial da equipa em 2019/20. “Foi um momento inesquecível, que vou guardar para resto da vida. Agradeço à minha mãe e ao meu pai, que fizeram um grande esforço para eu estar aqui hoje, eles fizeram muito por mim e quero enviar beijinho para eles”, comentou o médio ofensivo ao Porto Canal. “Sabíamos que ainda faltavam cinco jogos, com muito pontos em disputa, mas só dependemos de nós para chegar ao título. É o que queremos e ambicionamos, há muito tempo que trabalhamos para isto e esta foi mais uma vitória no caminho”, acrescentou.