A Frente de Libertação do Estado de Cabinda-Forças Armadas de Cabinda (FLEC-FAC) saudou esta quinta-feira o que disse ser o reconhecimento da “existência de guerra” por parte do ministro de Estado, Pedro Sebastião, que convidou a visitar “as bases militares”.

O movimento independentista reagia às declarações do ministro de Estado e Chefe da Casa de Segurança do Presidente da República que, na quarta-feira, rejeitou situações de instabilidade no território, dizendo que vive uma “paz efetiva”, apesar de “grupos que possam fazer uma ou outra ação”

O general disse ainda que as notícias de Cabinda nas redes sociais não correspondem à verdade, levando os independentistas esta quinta-feira a convidar Pedro Sebastião “a visitar uma das bases militares da FLEC-FAC no interior de Cabinda e longe das fronteiras”.

Os separatistas prometem ainda “garantir a segurança” do general durante a sua permanência de Cabinda e lançam um apelo à população para abster-se “de qualquer manifesto de hostilidade” contra Pedro Sebastião “por ser um dos representantes da potência colonial que ocupa Cabinda”.

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No comunicado, assinado pelo porta-voz do Estado-Maior-General das FAC, general António do Rosário Luciano, o movimento saúda “o momento de lucidez” de Pedro Sebastião quando “reconheceu a existência da guerra”, honrando “as famílias angolanas enlutadas” pelos soldados angolanos que morreram em combate.

Salienta ainda que o general “demonstrou desconhecer a realidade da dimensão da guerra”, uma “lacuna” que pretende corrigir, convidando Pedro Sebastião a inteirar-se da realidade, visitando os militares.

Na quarta-feira, durante o balanço epidemiológico sobre a Covid-19, Pedro Sebastião, que é também coordenador da comissão multissetorial de prevenção e combate à doença, respondeu a questões relacionadas com os conflitos na província angolana.

De vez em quando, muito raramente, aqui e acolá podem surgir grupos que possam fazer uma ou outra ação, não uma ação organizada como tal, a guerrilha tem a particularidade que tão depressa está em paragem como se pode criar um momento de instabilidade”, afirmou.

No caso de Cabinda, acrescentou, as notícias divulgadas pelas redes sociais “são coisas que não correspondem à verdade” pois “há naquele território do nosso país uma paz efetiva”.

Pedro Sebastião assinalou que, da mesma forma que surgem na capital do país ou noutros pontos do território, “um ou outro grupo de marginais que desenvolvem uma ou outra ação”, em Cabinda também essa possibilidade pode surgir.

Daí a considerar instabilidade vai uma distância muito grande”, rematou.

A província angolana de Cabinda, onde se concentram a maior parte das reservas petrolíferas do país, não é contígua com o resto do território e, desde há muitos anos, que líderes locais defendem a independência, alegando uma história colonial autónoma de Luanda.

Em 2010, no Campeonato Africano de Nações em futebol, os independentistas fizeram aquela que foi a maior operação visível para o exterior, com o sequestro dos jogadores do Togo, numa ação militar.