A festa teve momentos diferentes, decorreu ao longo de vários minutos mas teve uma imagem no final que foi mais do que isso: quando plantel, equipa técnica e restante staff se juntavam junto de um pequeno placard em que a NOS, patrocinadora oficial da Liga (só mais um ano, embora esse assunto já tenha sido esquecido porque a AG da Liga de Clubes já passou e Pedro Proença continua na liderança do órgão…), dava os parabéns ao novo campeão nacional, vários jogadores cantavam com a letra certinha o “Azul e branco é o coração” que foi a música que deu o mote à festa de 2018 com público mas que continua a ser um dos pontos altos da festa sem público de 2020. Não eram todos, até porque havia um pequeno grupo que andava a pregar partidas uns aos outros mais atrás ao mesmo tempo que falhavam “a” fotografia, mas a festa mostrou bem uma ligação fundamental ao clube.

Marega respirou, atirou e tudo correu bem. E a equipa fez exatamente o mesmo (a crónica do FC Porto-Moreirense)

Essa festa foi feita no Dragão, na receção ao Moreirense, e naquela que foi a última partida em casa esta temporada. Até por isso, o conceito de fechar com chave de ouro não poderia ser mais aplicável: há mais de três anos que o FC Porto não marcava seis golos num jogo do Campeonato, naquela que foi a maior vitória de sempre dos dragões com os cónegos, Otávio marcou e assistiu como não acontecia há dois anos e meio e Soares saiu do banco para marcar dois golos como não ocorria há dois anos. Houve um pouco de tudo (até um golo de Marega de livre direto, pasme-se), com muitos golos à mistura, um 6-1 que não só confirma o estatuto de melhor defesa mas que praticamente confirma o “título” de melhor ataque e dá ainda oportunidade para igualar os 85 pontos da última temporada, a três do recorde nacional de 88 alcançado em 2017/18 no primeiro ano de Sérgio Conceição.

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Depois, tudo para os balneários. Festa preparada ao detalhe, com cubos altos com o devido distanciamento social e nomes bem legíveis para cada um dos elementos chamados. Enquanto as câmaras iam apontando para a tribuna do Dragão, entre Pinto da Costa, Vítor Baía, os dois Fernando Gomes, Reinaldo Teles ou Vítor Hugo, entre outros. Tudo à espera de uma cerimónia que traria muitas pinturas de cabelo, da cara e da barba e que começou quando Pedro Proença, presidente da Liga (que entregou uma réplica em ponto pequeno da taça a Pinto da Costa ainda na tribuna), e Miguel Almeida, líder da NOS, se colocaram no palanque para entregar as medalhas a todos os campeões e não só: Meixedo, guarda-redes da equipa B que tem estado a trabalhar com a formação principal e que, ao contrário de Mbaye, que teve os primeiros minutos de jogo, ainda não jogou.

Marcano foi mais devagarinho por causa da lesão no joelho que lhe retirou os últimos encontros da temporada, Marega foi mais expansivo, Pepe foi o primeiro de muitos com uma GoPro para guardar todos os momentos, Loum foi o primeiro rei da festa, aproveitando o cubo que estava à sua frente para simular um batuque e estar entretido a dar música aos companheiros que se riam e que aproveitavam para gravar aquele cenário e o pezinho da dança que trazia atrás. Primeira foto da praxe, todos para o palanque principal, taça entregue, muitos confettis azuis e brancos a voar, fila sem senha para tirar fotografias com a taça a dividir os “clientes” entre portugueses, pesos pesados, formação e sul-americanos. Mais uma imagem de grupos, mais fotos individuais, atividades separadas, uma última fotografia com grande simbologia nas bancadas, em homenagem aos adeptos, e com Sérgio Conceição a dar também os seus movimentos de dança a ouvir a cúmbia “Perra Sin Fronteras” dos Los Palmeras que fez lembrar os tempos, em novembro, em que os sul-americanos ficaram de castigo por uma festa fora de horas.

Quando o treinador se deslocava para a sala de conferências de imprensa, Wilson Manafá tinha também assumido o seu papel de animador da festa, alguns jogadores iam fazendo alguns lives para as redes sociais, outros paravam na zona de entrevistas rápidas do Porto Canal e até houve quem aproveitasse o facto de se ter descoberto uma bola para voltar a brilhar, como aconteceu com Marega que gravou um movimento semelhante ao que lhe valeu um dos grandes golos da noite ao transformar um livre direto sem hipóteses por cima da barreira dos cónegos. Tudo em festa menos um campeão, Nakajima, que não recebeu medalha nem esteve no Dragão. “É uma questão que não sou eu que tenho que responder”, disse apenas Sérgio Conceição sobre a ausência.

No final, reconhecendo a justiça do título, a importância do trabalho e a vontade em terminar a temporada da melhor forma com a conquista da Taça de Portugal frente ao Benfica, Sérgio Conceição assumiu que comemorar sem adeptos nas bancadas “é a mesma coisa do que fazer uma festa sem ter música”. No entanto, e apesar de todas as atuais contingências, a festa possível a azul e branco até teve mais sons e danças do que se pensava.