O BPI teve lucros de 42,6 milhões de euros no primeiro semestre, menos 68% do que no mesmo período do ano passado, tendo registado 83 milhões de euros em imparidades, divulgou esta sexta-feira o banco em comunicado ao mercado.

As imparidades criadas entre janeiro e junho foram de “caráter preventivo”, segundo o banco detido pelo grupo espanhol Caixabank, relacionadas com a crise económica desencadeada pela covid-19.

Na atividade em Portugal, o lucro foi de 6,5 milhões de euros, menos 92,6% face a período homólogo.

A contribuição do Banco de Fomento de Angola (BFA) foi de 33 milhões de euros (abaixo dos 38,1 milhões do primeiro semestre de 2019) e do moçambicano BCI de 3,1 milhões de euros (abaixo dos 9,5 milhões do mesmo período de 2019).

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Em termos consolidados, o produto bancário caiu 8,6% para 346,6 milhões de euros, com as comissões líquidas a caírem 7,1% em termos homólogos para 118,1 milhões de euros “devido ao abrandamento da atividade económica decorrente da pandemia, incluindo o impacto das medidas de apoio aos clientes implementadas pelo banco, e à evolução dos mercados de capitais com impacto nas comissões de fundos de investimentos e seguros de capitalização”, segundo o BPI.

Já a margem financeira cresceu 2,4% para 220 milhões de euros, o que atribui ao “crescimento da carteira de crédito”. Os custos de estrutura diminuíram 3,6% para 215,9 milhões de euros, sendo que os custos com pessoal mantiveram-se praticamente estáveis em 122,4 milhões de euros.

Na atividade em Portugal (quebra de lucros de 93% para 6,5 milhões de euros), o produto bancário registou uma descida de 6,1% para 311,8 milhões de euros, com crescimento da margem financeira em 2,4% para 220 milhões de euros e redução de 7,1% das comissões líquidas para 118,1 milhões de euros.

Ainda no consolidado, o crédito a clientes (bruto) aumentou 2,2% face a dezembro passado para 24.516,6 milhões de euros. O rácio de ativos problemáticos (rácio de ‘Non-performing Exposures’) desceu para 2% face aos 3,3% de junho de 2019.

Os depósitos de clientes subiram 8,8% face a dezembro para 25,3 milhões de euros. O rácio de capital CET1 passou de 13,4% no final de 2019 para 13,8% em junho deste ano.

Em junho, o Banco BPI contava com 4.817 trabalhadores em Portugal, menos 23 em em relação a dezembro de 2019. Na mesma data a rede de balcões era de 406, menos 29 face a dezembro passado.

Mais de 73 mil moratórias de crédito no final de junho

O BPI tinha aprovado até final do semestre mais de 73 mil pedidos de moratórias no pagamento de créditos, abrangendo créditos no valor de quase 5,7 mil milhões de euros, segundo a informação hoje divulgada pelo banco.

Do total de moratórias, 31,5 mil referem-se a moratórias de crédito à habitação (no valor total de 2,6 mil milhões de euros), 23,8 mil a moratórias de crédito pessoal e financiamento automóvel (no valor total de 373 milhões de euros) e 17,9 mil moratórias de crédito a empresas (no valor de 2,7 mil milhões de euros).

As moratórias de crédito foram criadas como uma ajuda a famílias e empresas penalizadas pela crise económica desencadeada pela pandemia de Covid-19.

Em junho, o Governo decidiu estender – de setembro deste ano para 31 de março de 2021 – as moratórias para créditos de empresas e particulares (que suspendem pagamentos de capital e/ou juros) e alargou também as condições em que os clientes poderem aceder às moratórias. Os clientes podem pedir acesso às moratórias até final de setembro.

Há ainda as moratórias privadas, da Associação Portuguesa de Bancos (APB), da Associação de Instituições de Crédito Especializado (ASFAC) e da Associação Portuguesa de Leasing, Factoring e Renting (ALF). Estas aplicam-se aos contratos de crédito que não beneficiam da moratória pública, caso dos contratos de crédito pessoal (com exceção dos contratos de crédito ao consumo com finalidade educação, uma vez que estes já são cobertos pela moratória pública), crédito automóvel e cartões de crédito.

A agência de “rating” Fitch divulgou um relatório sobre o setor bancário português na quinta-feira, em que estima que os créditos com moratória vão aumentar depois do verão à medida que se adensa a crise económica, sobretudo nas atividades relacionadas com o turismo.

Estas moratórias são um alívio para clientes e bancos, contudo, avisa, parte importante desses créditos serão malparado quando o regime das moratórias terminar.

Os principais bancos têm estado a divulgar os resultados semestrais esta semana. Segundo a informação já conhecida, o BCP indicou que até junho aprovou mais de 120 mil moratórias de pagamento de créditos no âmbito da pandemia de Covid-19, sendo 97 mil para famílias e 26,5 mil para empresas, atingindo créditos no valor de quase nove mil milhões de euros.

Já o Santander Totta tinha, em junho, 88 mil clientes com moratórias no pagamento dos empréstimos, abrangendo créditos correspondentes a 22% da carteira de crédito total.

Segundo estimativas do Banco de Portugal, divulgadas em 24 de junho no Relatório de Estabilidade Financeira, as necessidades de liquidez para a amortização regular de capital e juros de empréstimos entre abril deste ano e março de 2021 ascendem a 17,3 mil milhões no caso das empresas e a 12,2 mil milhões de euros no caso de particulares (crédito à habitação e crédito para consumo e outros fins). Ou seja, seria este o valor que empresas e famílias teriam de pagar na totalidade se não houvesse moratórias.