– Estava difícil, mas já cá estou!

– Ó camarada não há como nos calar, eles bem tentaram.

– Pois não, mas estava a ver que este ano não chegávamos cá…

A expectativa era muita. De um lado, os que se bateram durante “meses” para conseguir chegar à 44.ª Festa do Avante. Do outro, os que queriam ver como é que o PCP conseguia reunir milhares de pessoas no mesmo recinto, cumprindo todas as regras que as autoridades sanitárias imporiam. Mas a prova está dada: as regras são cumpridas escrupulosamente e mesmo quem tenta quebrá-las tem pouca sorte.

“Era só uma cervejinha”, pois era “só”, mas o relógio já marcava 20h25 e o camarada, à terceira tentativa em espaços diferentes da festa, desistiu. As regras mandam, por exemplo, que só se possa consumir bebidas alcoólicas depois das 20 horas caso esteja a acompanhar uma refeição. Não era o caso e nenhum dos espaços cedeu ao pedido. Assim acontece por todo o recinto. As setas brancas pintadas no chão indicam os corredores de circulação e sempre que alguém mais distraído as contraria alguma voz recorda que “as regras são para cumprir” e “o exemplo para dar”. Os dispensadores de gel desinfetante são incontáveis e os contentores para depositar as máscaras descartáveis idem.

Jerónimo abre Avante com críticas à DGS e à direita: “Querem-nos quietos, confinados, calados e com temor”

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Entradas ordenadas, espaçamento físico entre os presentes, desinfeção constante de superfícies. Está tudo pronto. O que falta? A habitual alma festiva ao Avante. As vozes que se ouvem são baixas — abafadas pelas máscaras na cara de todos, quase a tempo inteiro e mesmo onde não são obrigatórias. No espaço das crianças são poucas as que brincam e alguns dos comerciantes que têm na Festa do Avante pontos de venda notam a “grande quebra” em comparação aos anos anteriores.

Até a Carvalhesa é diferente, quando ecoou pelas primeiras vezes no auditório 1.º de Maio, os participantes saltaram nos lugares, sem os habituais abraços e a proximidade que caracteriza a coreografia meio descoordenada ao som do “tutururututu-tutururututu”. Tudo é diferente, no dia-a-dia de todos e, necessariamente, na Quinta da Atalaia. Os argumentos do PCP não parecem ter ainda convencido todos acerca da segurança sanitária na Festa, neste que foi o primeiro dia.

A intervenção de abertura de Jerónimo, através do sistema de som do recinto ainda concentrou algumas centenas de pessoas junto ao palco principal, mas algumas dificuldades no som complicaram a vida aos que queriam escutar e que acabaram por optar por aceder nos telemóveis às redes sociais do partido para melhor poder ouvir. Aplausos? Garantidos depois da frase tão esperada: “Declaramos aberta a 44.ª quarta edição da Festa do Avante!”.

O alinhamento que se segue habitualmente era claro também: Internacional, Hino Nacional e a Carvalhesa. A Internacional entoada como habitualmente, uma falha técnica no Hino Nacional e a Carvalhesa não ecoou após a intervenção de abertura oficial. Fica a expectativa para os próximos dias e o sinal positivo no cumprimento rigoroso das “exigentes normas” da DGS de que o PCP se queixou.

Plano de contingência da Festa do Avante (quase) passado a papel químico das recomendações da DGS. Um Avante “higienizado” segundo as regras