A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) piorou as previsões para o consumo mundial de petróleo em 2020 e 2021 num ambiente de crescente incerteza sobre o efeito de uma segunda vaga da pandemia na economia global.

O consumo de petróleo cairá este ano 9,5 milhões de barris por dia — o equivalente a 9,5% — em comparação com 2019, mais 400.000 barris por dia do que há apenas um mês, elevando o total de consumo diário para 90,2 milhões de barris por dia. Estes cálculos estão no relatório do mercado do petróleo que a OPEP publica mensalmente e que recolhe dados de agosto. No mês passado, a OPEP já reduziu as suas previsões de consumo em 100.000 barris por dia, pelo que nos últimos dois meses a organização sediada em Viena piorou as previsões de consumo de petróleo em meio milhão de barris por dia.

Para 2021, a previsão da procura mundial também foi reduzida em cerca de 400.000 barris, e espera-se um crescimento de 6,6 milhões de barris por dia, com um consumo global de 96,9 milhões de barris por dia. “Além dos aspetos relacionados com a Covid-19, subsistem muitas incertezas, incluindo elevados níveis de dívida, inflação, riscos geopolíticos, desafios relacionados com o comércio, bem como a possibilidade de um ‘Brexit’ duro”, resume a OPEP.

A procura de petróleo dos 13 membros do grupo também é significativamente revista a partir dos dados de agosto. Assim, a procura de petróleo bruto da OPEP em 2020 é revista em baixa em 0,7 milhões de barris por dia para 22,6 milhões de barris por dia, cerca menos de 6,7 milhões de barris por dia do que em 2019, indica o relatório.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Embora a OPEP tenha reduzido a sua procura de petróleo em 1,1 milhões de barris por dia para 2021, prevê-se uma forte recuperação que aumentará a procura de petróleo bruto da organização para 28,2 milhões de barris por dia, mais cerca de 5,5 milhões de barris por dia do que este ano. Este agravamento da procura está alinhado com uma queda na previsão económica mundial de uma décima, de uma contração de 4% para 4,1%.

“Espera-se que a China seja a única grande economia a mostrar um crescimento positivo este ano, embora a recuperação nos Estados Unidos e na zona euro pareça estar a ganhar terreno. Espera-se que esta dinâmica se prolongue até 2021, quando se estima que o crescimento global atinja 4,7%”, diz o relatório.

Os preços do petróleo caíram de novo para níveis abaixo dos 40 dólares depois do aumento dos contágios por Covid-19 nas principais economias ter levantado dúvidas sobre uma recuperação sustentada. A pandemia atingiu a procura de petróleo devido ao abrandamento económico global, com restrições à circulação, o teletrabalho e a redução das viagens a provocarem a queda do consumo de energia.