O Presidente da Venezuela anunciou que os militares vão buscar eleitores a casa, no âmbito de um “plano de biossegurança” preventivo da Covid-19, a ser ativado no dia das eleições parlamentares, previstas em 6 de dezembro.

“As Forças Armadas Nacionais Bolivarianas protegerão os eleitores desde a porta da sua casa até ao centro de votação, e do centro de votação à sua casa”, disse Nicolás Madura, num discurso ao país, transmitido na segunda-feira pela televisão estatal venezuelana. Maduro acrescentou que “alguns setores minoritários da oposição, desesperados, querem suspender as eleições (parlamentares) de 6 de dezembro”. O Presidente venezuelano afirmou que a suspensão das eleições “é impossível (…) Ir votar com todas as medidas que se estão tomando será mais seguro que ir comprar a uma farmácia ou mercearia”.

A data das eleições é clara e o novo parlamento será instalado, por mandato constitucional em 05 de janeiro de 2021, indicou. “Ninguém pode violar esse mandato da Constituição”, frisou. Maduro reiterou estar a trabalhar para que a vacina russa, Sputnik V, para o novo coronavírus SARS-CoV-2 chegue ao país antes de dezembro.

As próximas eleições legislativas na Venezuela estão marcadas para 6 de dezembro, data em que o Governo venezuelano espera renovar a Assembleia Nacional, onde a oposição é maioritária e que é presidida pelo opositor Juan Guaidó. No entanto, 37 organizações, entre elas os quatro maiores partidos da oposição (Ação Democrática, Primeiro Justiça, Vontade Popular e Um Novo Tempo), anunciaram que não vão participar nas legislativas, que antecipam ser “uma fraude”.

Desde junho, o Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela suspendeu a direção dos partidos opositores Vontade Popular, Primeiro Justiça e Ação Democrática, e também de vários partidos afetos ao regime, entre eles Pátria para Todos e Tupamaro, e ordenou que fossem reestruturados, nomeando direções provisórias para esses partidos. A decisão foi classificada pela oposição como uma manobra de preparação “para uma nova farsa eleitoral”, em que o regime decidirá quem preside aos partidos nas próximas eleições. A Venezuela tem, desde janeiro, dois parlamentos parcialmente reconhecidos, um de maioria opositora, liderado por Juan Guaidó, e um pró-regime, liderado por Luís Parra, que foi expulso do partido opositor Primeiro Justiça, mas que continua a dizer que é da oposição.

Na Venezuela estão confirmados 61.659 casos de pacientes com a Covid-19. Estão ainda confirmadas 494 mortes associadas ao novo coronavírus e 49.371 pessoas recuperaram da doença. A Venezuela está desde 13 de março em estado de alerta, o que permite ao executivo decretar “decisões drásticas” para combater a pandemia. Os voos nacionais e internacionais estão restringidos até 12 de outubro e a população está impedida de circular entre os diferentes municípios do país. A pandemia de covid-19 já provocou pelo menos 929.391 mortos e mais de 29,3 milhões de casos de infeção em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP. A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China. Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.

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