Um aviso, dois avisos, três avisos em três dias úteis. Na V Cimeira do Turismo Português, Marcelo Rebelo de Sousa voltou a pressionar a esquerda, por um lado, e o PSD, por outro, a viabilizarem o Orçamento do Estado para 2021. Num momento em que ainda não há acordo e os partidos exaltam as divergências que têm, o Presidente da República avisa que “não há lugar para querelas institucionais durante uma pandemia ou no decurso de uma gravíssima crise económica e social”. Sem se referir diretamente a Rui Rio, Marcelo deixa o aviso ao PSD que esta não é a “questão de alguém se encostar mais ou menos a quem quer que seja: é uma questão de olhar para o interesse nacional.”

Ainda para o PSD — cujo líder ambiciona substituir o primeiro-ministro na governação — Marcelo Rebelo de Sousa adverte que “a pandemia não conhece ciclos eleitorais” e que não conhece “visões particularistas, de promoção pessoal ou de afirmação pessoal“. Isto porque Rui Rio podia ser o principal beneficiário de uma crise política à esquerda, que retiraria estabilidade ao governo de António Costa. O aviso que tem como destinatário o PSD de Rui Rio, mas também pode encaixar nos parceiros de esquerda, já que Marcelo avisa que a pandemia “não conhece sensibilidades politico-doutrineira ou ideológicas”. Quando se refere aos ciclos eleitorais, Marcelo também visa o PCP, que pode ter a tentação de descolar do PS a pensar nas autárquicas de 2021.

Marcelo destacou  ainda que “uma das lições desta pandemia é a importância da estabilidade” e de “não correr atrás de modas”. Dramatizando uma eventual crise política em termos de pandemia, o chefe de Estado lembrou que “onde a gestão da pandemia correu mal, havia uma coisa em comum: a falta de estabilidade”. Nesses países, recorda, houve “querelas entre os órgãos do poder” e “entre as áreas políticas, económicas e social.” Onde isto aconteceu, acrescenta, a “gestão da pandemia não correu mal, correu pessimamente.”

Apelo a portugueses a irem para fora, cá dentro

No mesmo discurso, o Presidente da República apelou aos portugueses a que passem férias em Portugal até ao final do próximo verão. “Não tenham pressa em conhecer o resto do mundo, tenham pressa para conhecer melhor Portugal”, apelou Marcelo.

O chefe de Estado lembrou que os “portugueses foram extraordinários a viajarem este verão” dentro do país para “contribuírem para compensar os estrangeiros que não vieram”. Daí que faça um “apelo muito simples: continuem a fazer o mesmo daqui até ao fim do ano e até à passagem do ano. E o mesmo até à Páscoa. Se tiverem esse tempo da Páscoa. E depois também quando na Páscoa planearem as férias do próximo verão.

Marcelo reiterou assim que “é muito importante contar com o turismo português até ao fim do próximo verão”, já que corresponde à fase de transição do turismo português entre o momento em que perdeu todos os turistas estrangeiros e o momento em que os vai recuperar. “Sejam turistas dentro de Portugal”, concluiu.

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