O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) apelou este sábado ao Governo para que se concentre na organização de soluções para enfrentar a pandemia de covid-19, “em vez de maquilhar a realidade”, considerando que se negligenciou a preparação de recursos.

“O SIM responsabiliza mais uma vez o Ministério da Saúde que, com a permanente preocupação em adornar a realidade, negligenciou a preparação e aprovisionamento em recursos humanos (que não só os médicos), quer dos hospitais, quer dos cuidados de saúde primários, quer das unidades de saúde pública, tendo tido tempo para tal desde março e sabendo que com a entrada no outono/inverno a situação agravar-se-ia”, lê-se num comunicado do Sindicato Independente dos Médicos (SIM).

Salientando que neste sábado se reportou o maior número de novos infetados pelo novo coronavírus — “1.642 novos casos, equivalentes a mais de 5.000 na Alemanha ou 8.000 em Espanha”, o SIM reitera o pedido para que o Governo “se concentre na organização de soluções”.

“Há várias semanas que o SIM vem alertando para a gravíssima insuficiência de médicos nas equipas dos Serviços de Urgência, em especial nas áreas metropolitanas”, é recordado na nota.

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As situações que já se registam atualmente, com urgências encerradas em vários períodos, equipas médicas “abaixo dos mínimos, médicos exaustos ultrapassando em muito as horas extraordinárias obrigatórias” ou “unidades de cuidados intensivos próximas de esgotamento”, levantam “seríssimas preocupações” com a chegada do inverno, acrescenta o SIM.

Por outro lado, lê-se na nota, os médicos de família estão “à beira do colapso”, mas continuam a dar “o seu melhor na resposta possível às costumeiras necessidades dos seus utentes, tentando não abandonar as tarefas preventivas e ao mesmo tempo que são inundados por novas necessidades decorrentes da pandemia”.

“Os Médicos de Saúde Pública, manifestamente em número insuficiente, estão afogados em inquéritos epidemiológicos e tarefas burocráticas. Têm trabalhado centenas, milhares de horas extraordinárias e sem qualquer compensação”, relata ainda o sindicato.

Portugal registou mais cinco mortos relacionados com a covid-19 e um número recorde de 1.646 novos casos de infeção com o novo coronavírus, segundo o boletim epidemiológico da Direção-Geral da Saúde (DGS).

Desde o início da pandemia, em março, este é o maior número de casos de infeção. O segundo maior registo aconteceu em 10 de abril, com 1.516, e o terceiro nesta sexta-feira, com 1.394 novos casos.

Portugal já registou 2.067 mortes e 85.574 casos de infeção, estando nesta altura ativos 30.704 casos, mais 1.002 do que na sexta-feira.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de um milhão e sessenta e nove mil mortos e perto de 37 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.