O primeiro centro distrital de retaguarda do Porto para doentes Covid-19 vai abrir em Ermesinde, em Valongo, “no limite, no início da próxima semana”, devendo “em breve” abrir idêntica estrutura na região do Tâmega e Vale do Sousa.

O secretário de Estado da Mobilidade e coordenador da região Norte para a Covid-19, Eduardo Pinheiro, revelou esta sexta-feira que no caso do Tâmega e Vale do Sousa, onde se regista um crescente número de infetados, irá também ser reforçada a capacidade do hospital “já nestes dias”, mas “não está em cima da mesa” uma cerca sanitária nos concelhos mais atingidos (Paços de Ferreira, Felgueiras e Lousada).

As medidas vão sendo adaptadas ao conhecimento que existe hoje sobre a Covid-19, não há nenhuma razão para que haja uma cerca a nenhum destes municípios”.

Segundo o responsável pela coordenação da situação de calamidade no Norte, está prevista uma estrutura de apoio em cada um dos distritos na região, mas no caso em concreto do distrito do Porto “haverá duas estruturas de apoio, uma das quais, em Ermesinde, abrirá nos próximos dias”.

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“Estamos já a ultimar a contratação do pessoal, tanto ao nível de auxiliares, mas também de enfermeiros e médicos para dar apoio”, disse, salientando que “não se trata de um hospital de retaguarda”.

Falamos de estruturas de apoio para pessoas que, continuando positivas relativamente à doença, não precisam de cuidados médicos em especial, mas não têm condições nas suas casas ou nos equipamentos, nomeadamente os lares de idosos em que estão a viver”.

Estes doentes irão para estas estruturas “para libertar os hospitais e não estarem a ocupar camas que estão a fazer falta para dar resposta a outros casos mais complexos”, frisou.

O centro distrital de retaguarda em Ermesinde, que funcionará no Seminário do Bom Pastor, terá capacidade para 50 camas, número que poderá aumentar para 80.

No que se refere ao centro de retaguarda previsto para a região do Tâmega e Vale do Sousa, o secretário de Estado disse que “o local ainda não está determinado. Existem várias hipóteses em cima da mesa, é preciso verificar qual é a que se adequa melhor às necessidades”.

Nesta região, “os números são preocupantes, nomeadamente nos municípios Felgueiras, Lousada e Paços de Ferreira”, lamentou Eduardo Pinheiro, que falava à margem do 4.º Salão do Automóvel Híbrido e Elétrico e Salão Mobilidade Sustentável, a decorrer até domingo no Centro de Congressos da Alfândega do Porto.

O número de casos Covid-19 aumentou em Paços de Ferreira 76% numa semana, 738 para 1.303, enquanto em Felgueiras a subida é de 24,2% e em Lousada de 39,2%, de acordo com os relatórios da Direção-Geral da Saúde (DGS).

A percentagem de aumento de casos nos três concelhos onde o Conselho de Ministros decretou quinta-feira o dever de permanência no domicílio a partir das 00h00 de sexta-feira corresponde a 48%, de acordo com análise feita pela Lusa com base nos dados da DGS que discriminam os casos por concelho, informação detalhada que é divulgada à segunda-feira.

Nos três concelhos estão também proibidas quaisquer celebrações e eventos com mais de cinco pessoas (salvo se pertencerem ao mesmo agregado familiar).

É obrigatório o encerramento de estabelecimentos às 22h00, com algumas exceções.

Ficou ainda definido o teletrabalho obrigatório para todas as funções que o permitam, independentemente do vínculo laboral.

O primeiro-ministro, António Costa, reuniu-se na quarta-feira com os presidentes das câmaras de Paços de Ferreira (Humberto Brito), Felgueiras (Nuno Fonseca) e Lousada (Pedro Machado) e com representantes das autoridades de saúde locais e regionais, para avaliar o aumento de casos de covid-19 naqueles municípios do interior do distrito do Porto.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 1,1 milhões de mortos e mais de 41,3 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 2.245 pessoas dos 109.541 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.