Portugal está no grupo dos dez países com melhores políticas de integração de migrantes, segundo uma avaliação de 52 estados que destaca o combate à discriminação ou a reunificação familiar como pontos fortes.

Segundo o Índice das Políticas de Integração de Migrantes (MIPEX, na sigla em inglês), com dados referentes a 2019 e apresentado esta quarta-feira na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, Portugal tem melhorado as políticas de integração de migrantes nos últimos anos, sobretudo na saúde e educação, o que lhe valeu 81 pontos numa escala de 100.

“Portugal melhorou de forma consistente desde a primeira edição do MIPEX [em 2005] e especificamente na avaliação geral melhorou três pontos entre 2014 e 2019”, refere o relatório, acrescentando que “as políticas de integração portuguesas melhoraram ligeiramente em todas as dimensões da igualdade de direitos, oportunidades e segurança para os imigrantes”.

De acordo com os resultados do MIPEX2020, relativos a 2019, Portugal apresenta-se como “um dos principais países do ‘top ten'”, ao lado dos países nórdicos e de países que são tradicionalmente destino de imigrantes e “lidera especificamente entre os novos países de destino, muito à frente de países como a Itália ou Espanha”.

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“Em comparação com todos os outros países desenvolvidos, as políticas de integração de Portugal em 2019 foram acima da média em todas as áreas de política, exceto no acesso à saúde”, lê-se no relatório.

O documento acrescenta que é o facto de o país ter políticas de integração abrangentes que lhe dá uma classificação elevada no MIPEX, sublinhando que entre os países do top10 a “integração funciona como um processo de dois sentidos, uma vez que os cidadãos e os imigrantes geralmente usufruem de direitos, oportunidades e níveis de segurança iguais”.

Em matéria de combate à discriminação, Portugal consegue o máximo de 100 pontos, e é destacado pelas suas “políticas fortes” e pelos mecanismos de execução que “estão lentamente a aumentar os níveis de consciencialização pública e as denúncias”, apesar de serem “leis recentes e com poucos recursos, comparativamente com os habituais países de destino”.

Logo a seguir consegue 94 pontos em matéria de mobilidade do mercado de trabalho onde fica em “primeiro lugar, a par da Alemanha e dos países nórdicos” por garantir “igualdade de tratamento e apoio específico tanto para cidadãos portugueses como para cidadãos de fora da Europa”.

A longo prazo, essas políticas estão associadas a resultados mais justos no mercado de trabalho, uma vez que os imigrantes beneficiam de melhores empregos, habilitações e aceitação pública”.

Nas questões de cidadania, por outro lado, Portugal não só obtém 86 pontos como subiu 13 em relação ao índice de 2014, destacando-se pelo seu “modelo de cidadania, líder mundial”, que foi reforçado tanto para imigrantes como para descendentes de portugueses.

“Portugal também começou a abordar as suas pequenas áreas de fragilidade, como na saúde e educação dos migrantes: o sistema de saúde está a melhorar o acesso aos cuidados e à informação, enquanto o sistema de educação está a apoiar melhor a diversidade na escola”, aponta o relatório, sublinhando que melhorias futuras podem elevar ainda mais o nível de informação e interação entre os imigrantes e a sociedade.

Já a reunificação familiar deu 87 pontos, sendo Portugal apontado como tendo das políticas mais favoráveis à reunificação a nível mundial, ao lado do Canadá e do Brasil.

De acordo com o MIPEX, esta abordagem integrada em relação à imigração importa porque “a forma como os governantes tratam os imigrantes influencia fortemente a forma como os imigrantes e a restante sociedade interagem e pensam um sobre o outro”.

Para a opinião pública, a garantia de direitos, oportunidades e segurança iguais incentiva o público a ver a integração como uma oportunidade e a tratar os imigrantes como iguais, vizinhos e cidadãos em potencial. No âmbito de políticas inclusivas como a de Portugal, tanto os imigrantes como o público têm maior probabilidade de interagirem e sentirem-se à vontade uns com os outros como iguais”.

O MIPEX é um trabalho da responsabilidade do Grupo para as Políticas de Migração (MPG) em parceria com o Centro de Relações Internacionais de Barcelona e é cofinanciado pela Comissão Europeia.