Cerca de 100 pessoas, sobretudo cidadãos do Bangladesh, Paquistão e Índia, estão esta quinta-feira à porta da Agência para a Interação Migrações e Asilo, em Lisboa, para reclamar contra os atrasos na atribuição dos cartões de autorização de residência.

A concentração começou cerca das 10h30 e um representante destes cidadãos explicou aos jornalistas que o descontentamento tem sobretudo a ver com o tempo de espera, que nalguns casos ultrapassa os nove meses, para a obtenção da renovação da autorização de residência.

Ashiqul Islam protestava esta quinta-feira com a mulher e a filha de 9 meses, que já tem nacionalidade portuguesa porque nasceu em Portugal. O casal, oriundo do Bangladesh, gostava de levar a filha a visitar os avós, mas não pode sair do país porque não tem a autorização de residência renovada para poder voltar a entrar em Portugal.

O imigrante contou à Lusa que, apesar de a filha ter nascido em Portugal, ele não pode pedir apoios sociais pelo facto de não ter o cartão renovado. Contou ainda que há pouco tempo foi a uma entrevista de emprego que diz ter corrido bem e para um emprego para o qual tinha habilitações, mas acabou por ser excluído quando lhe perguntaram se tinha a sua situação regularizada em Portugal e ele teve de responder que não. “Isto é desolador para nós. Quando vamos alugar uma casa, pedem-nos o IRS e outras coisas e nós não temos”, queixou-se.

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Abhi Kumal Sharma, que se apresentou como porta-voz da centena de manifestantes, explicou que a principal razão tem a ver com as centenas de milhar de imigrantes do Paquistão, Bangladesh e Índia que trabalham e vivem em Portugal, que não conseguem um cartão de autorização de residência nos três meses previstos na lei. “Demora mais do que cinco, seis ou sete meses”, denunciou.

Referiu que, em matéria de trabalho, é necessária a autorização de residência atualizada de maneira a poderem candidatar-se a um emprego, mas que atualmente ninguém está a conseguir ter o documento no prazo legal de três meses. Segundo Abhi Kumal Sharma, como consequência, as entidades empregadoras dizem-lhes resolver com a AIMA, enquanto a AIMA lhes pede para esperar.

Ruhul Hassan Rupok disse à Lusa que nos últimos três a quatro meses tem sido essa a sua situação, sem conseguir trabalho, ao mesmo tempo que diz estar a passar por “problemas graves” pelo facto de o pai ter morrido e ele não ter podido estar com a família no Bangladesh por receio de que depois não pudesse voltar a entrar em Portugal.

Já Maein Uddin Bhuiyan, que tem duas filhas, uma com 8, outra com 2 anos, lamentou que o facto de ver sucessivamente adiada a renovação da sua autorização de residência esteja a por em causa os apoios sociais a que as suas filhas deveriam ter direito. Segundo um agente da Polícia de Segurança Pública, que, no local, teve 11 efetivos, a manifestação juntou entre 100 a 150 pessoas.

Por volta das 11h30, os manifestantes começaram a desmobilizar porque, segundo Abhi Kumal Sharma, alguém da AIMA lhes terá dito para regressarem pelas 16h e que seriam atendidos.

A Lusa contactou a Agência para a Interação Migrações e Asilo e aguarda mais informações sobre este assunto por parte da agência.