Se existe um treinador que fala com os olhos é Sérgio Conceição (nada a ver com o que se passou no final do jogo em Paços de Ferreira). Nas conferências, nas zonas de entrevistas rápidas ou durante os encontros, torna-se fácil perceber o estado de espírito do treinador do FC Porto mediante uma visão mais atenta à sua expressão. Esta noite, após o triunfo frente ao Marselha que deixou os dragões a um ponto dos oitavos da Champions, nem foi preciso responder a qualquer pergunta para se perceber a tristeza que lhe atravessava a alma. E na última resposta, que o próprio queria que tivesse sido a primeira, não evitou a emoção com as lágrimas quase nos olhos.

O orgulho que o “Chefinho” ia ter neste Sérgio (a crónica do Marselha-FC Porto)

“É difícil, é injusto da minha parte não ter começado por dedicar a vitória ao senhor Reinaldo. Era o nosso ‘chefinho’, uma pessoa que me viu chegar com 16 anos ao FC Porto… Mais do que isso, era alguém amado por toda a gente, que respeitava todas as pessoas do futebol. Queria enviar um abraço à sua família, hoje sentimos uma profunda dor. Nenhuma palavra pode dizer o que vai na cabeça das pessoas que gostavam do senhor Reinaldo. A família portista dedica-lhe esta vitória”, destacou Sérgio Conceição em declarações à Eleven Sports.

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“Foi um jogo difícil, como é normal, contra uma equipa que pode ser a primeira da Liga francesa. Entrámos no jogo e sentimos que o Marselha queria muito conquistar os três pontos, que tinha esperança de passar. Estavam mais agressivos e intensos. Os primeiros 20 minutos, enquanto não mudei uma ou outra peça, tivemos dificuldades. Ajustámos e surgiu o golo. A segunda foi praticamente nossa. Depois da expulsão, num lance que não é por acaso num lançamento lateral, aproveitámos e conseguimos o 2-0 merecido. Fomos fazendo mudanças e os jogadores foram verdadeiros campeões. Falta um ponto e temos de continuar com qualidade”, resumiu sobre o encontro que deixou os azuis e brancos a depender apenas de si na luta também pelo primeiro lugar do grupo.

Também Corona, que esta noite entrou no top 20 dos jogadores com mais encontros na Champions pelos azuis e brancos, não esqueceu Reinaldo Teles na zona de entrevistas rápidas. “Preparámos este jogo com a intenção de ganhar, tal como fazemos com todos os outros. O FC Porto funciona assim e esta vitória era muito importante para nós. Segundo golo? São coisas que estão treinadas e que trabalhamos no dia a dia. Senti que era o momento certo para lançar e deu o que deu, felizmente. Mas a verdade é que é um dia muito triste para nós. Era importante ganhar para a família do senhor Reinaldo, a quem mando os pêsames”, salientou o mexicano.

“Continuamos a depender de nós próprios mas se fizermos o grande trabalho que estamos a fazer durante a semana as coisas vão acontecer. Isso passa para o relvado, como se provou neste jogo. Estamos a trabalhar muito bem e queremos colocar sempre o FC Porto em primeiro. Os primeiros 30 minutos foram muito difíceis, o Marselha também queria muito ganhar este jogo mas conseguimos chegar à vitória. Queríamos muito ganhar este jogo para poder dedicar a vitória à família de Reinaldo Teles. Provámos que este clube é também uma grande família e ainda bem que conseguimos dar esta alegria às gentes do FC Porto”, acrescentou Marchesín.

Antes do encontro, à TVI24, Vítor Baía, antigo capitão e atual vice e administrador da SAD, também já tinha recordado o decano dirigente dos azuis e brancos. “O Reinaldo Teles era uma pessoa pela qual tinha um carinho enorme. Era uma pessoa leal e um grande profissional que nos acompanhou em todos os momentos. Criámos uma relação fraternal com ele e é uma perda irreparável para o universo portista. Todos sabemos que era uma pessoa importantíssima no clube, apenas era discreto e gostava de estar no seu canto. Era competente, era um amigo e era fácil criar confiança com ele. Tinha uma relação especial com todas as pessoas ligadas ao FC Porto e vai deixar-nos muitas saudades”, recordou o ex-guarda-redes que privou durante vários anos com o diretor de futebol.