Um conjunto de investigadores científicos assinou numa carta aberta ao Governo de Portugal, exigindo “uma estratégia de investimento em ciência consistente e estável” e lembrando que esse problema não existe nalguns dos países onde foi encontrada uma vacina para a Covid-19. Para estes investigadores, “a situação da ciência em Portugal há muitos anos e esta nunca foi tão incerta e difícil”.

“Os Ministérios responsáveis pela Ciência de muitos países podiam ter desinvestido na investigação científica, deixando de fora uma parte substancial das melhores ideias e talento que o mundo tem. Parece absurdo, mas é o que se passa em Portugal”, escrevem os signatários daquela carta aberta.

Em causa está a regularidade dos concursos da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT, que abriu apenas dois concursos desde 2015) e também os fundos alocados (75 milhões de euros, de acordo com o Orçamento do Estado de 2021, para o ano seguinte).

A diferença entre o elevado número de propostas de projetos de investigação e a oferta reduzida leva a uma taxa de sucesso inferior a 20% — isto é, menos de 1 a cada 5 propostas são financiadas. Desta forma, os signatários desta carta aberta dizem que, com tais condições, “um sorteio para selecionar projetos seria igualmente eficaz”.

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“A dimensão, previsibilidade e regularidade do financiamento é crítica pois muitos projetos ambiciosos e transformadores levam vários anos a executar”, dizem. Mais à frente, acrescentam que a FCT “não tem a estrutura organizacional, a independência política, nem a dotação orçamental adequadas”.

Conheça aqui a lista de signatários desta carta aberta, por ordem alfabética de apelido:

Margarida D Amaral (Diretora BioISI, FCUL), Mónica Bettencourt-Dias (Diretora IGC), Adelino Canário (Director CCMAR- U. Algarve), José Luís Cardoso (ICS-U. Lisboa), Rogério Colaço (Presidente IST), João A.P. Coutinho (Vice-director CICECO-Instituto de Materiais da Universidade de Aveiro e Pró-Reitor para a Internacionalização), Nuno Ferrand (Diretor CIBIO, UP), Elvira Fortunato (Diretora i3N/Vice-reitora NOVA), Helena Freitas (Coordenadora do CFE-U.Coimbra), Joana Gonçalves-Sá (IST), António Jacinto (SubDiretor NMS/FCM – NOVA), Henrique Leitão (FCUL), Pedro Magalhães (ICS-U. Lisboa), Helder Maiato (Investigador I3S), Marta Moita (Investigadora FC), Maria Mota (Diretora IMM), Arlindo Oliveira (IST), Luis Oliveira e Silva (IST), Susana Peralta (Nova SBE), José Pereira-Leal (CEO Ophiomics), Paulo Pereira (Director CEDOC, Nova Medical School), João Ramalho-Santos (CNC/CIBB e DCV, U. Coimbra), Isabel Rocha (ITQB, Pro-reitora Inovação NOVA), João Rocha (Director CICECO-Instituto de Materiais da Universidade de Aveiro), Carlos Salema (IT Presidente da Direcção, ACL – Presidente), Manuel A Santos (Diretor iBiMED, U. Aveiro), Ester Serrão (CCMAR- U. Algarve), Raquel Seruca (Vice-Diretora IPATIMUP/I3S), Claudio M. Soares (Diretor ITQB NOVA), Manuel Sobrinho Simões (Diretor IPATIMUP/I3S), Luís de Sousa (ICS-U. Lisboa), Nuno Sousa (ICVS/2CA, U. Minho), Élio Sucena (FCUL/IGC), Claudio Sunkel (Diretor I3S – U. Porto), José Tavares (Nova SBE), Karin Wall (Diretora ICS Instituto de Ciências Sociais ULisboa)