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Coimbra. Doentes oncológicos fazem fila à porta do hospital. "É tudo para a Covid-19", diz associação

Este artigo tem mais de 3 anos

Esta manhã no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra havia dezenas de doentes à porta. Em causa estarão pessoas que chegaram antes da hora marcada, explicam associações.

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Os hospitais não permitem a entrada dos doentes muito antes da hora marcada para evitar uma grande concentração de pessoas no interior dos edifícios

Chris Hondros/Getty Images

Os hospitais não permitem a entrada dos doentes muito antes da hora marcada para evitar uma grande concentração de pessoas no interior dos edifícios

Chris Hondros/Getty Images

Às 6h30 desta quarta-feira já estavam cerca de 60 pessoas à espera para realizarem os tratamentos oncológicos no Centro Hospitalar Universitário de Coimbra (CHUC). Uma hora depois, a fila já teria cerca de 90, todas na rua, explicou um dos doentes ao Observador. Segundo fonte oficial do hospital, a sala de espera, com 36 lugares, só abre às 7 horas e os serviços só começam a funcionar uma hora depois disso.

Miriam Brice, presidente da associação “Careca Power” de apoio a doentes oncológicos e cuidadores, disse que teve conhecimento da situação, mas que a meio da manhã as marcações fluíam normalmente. O que a denúncia recebida pelo Observador reportava “poderia ser num horário muito cedo em que as instalações não estavam ainda abertas”. E acrescentou: “Não faz jus à realidade”.

Foi isso mesmo que confirmaram as doentes ouvidas por Tamára Milagre, presidente da associação Evita. A informação que lhe deram foi que as pessoas chegaram muito cedo, umas porque não tinham outra forma de se deslocar até ao hospital, outras porque tinham esperança de se conseguir despachar mais cedo. Mas os tratamentos e análises têm todos hora marcada e os doentes só entram no hospital no máximo 30 minutos antes da hora da marcação, confirmou fonte oficial do hospital. É assim em Coimbra e nos outros hospitais do país, para a oncologia e para as outras especialidades, como resultado da reorganização dos serviços por causa da pandemia de SARS-CoV-2.

Doentes oncológicos aguardam fora da sala de espera no Centro Hospitalar Universitário de Coimbra, conforme relatado por um doente ao Observador

Nos CHUC, a sala de espera para os tratamentos de oncologia está montada num contentor fora do edifício do hospital e tem 36 cadeiras, todas à distância de um metro e meio para cumprir as orientações de prevenção de contágio por SARS-CoV-2. Seriam suficientes para os doentes que têm tratamentos marcados para a meia hora seguinte, diz fonte do hospital, mas a realidade é que muitas pessoas vêm de fora e têm de se sujeitar aos transportes que conseguem arranjar: seja os transportes públicos, boleias de familiares e amigos ou os transportes coletivos para vários doentes que podem ter marcações a horas muito distintas.

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Na denúncia recebida pelo Observador, o doente dizia que costumava fazer os tratamentos à terça-feira, mas que foi mudado para quarta-feira por causa do feriado e que, por isso, havia doentes dos dois dias acumulados num só. Miriam Brice diz não ter conhecimento de atrasos nos tratamentos em Coimbra. Por sua vez, fonte oficial do CHUC confirmou que os serviços encerraram na terça-feira, por ser feriado, mas que funcionaram normalmente na segunda-feira. O hospital não confirmou, no entanto, se tinham juntado os doentes dos dois dias, mas disse que o calendário das marcações tem em consideração a existência de feriados.

IPO de Lisboa lamenta espera para análises e diz que doentes de quimioterapia não ficam na rua

Em julho, uma situação semelhante foi verificada no Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa, com um grande fluxo de pessoas numa segunda-feira de manhã. Na altura, o IPO respondeu que aquele acumulado de pessoas não era normal e que têm um desfasamento dos horários das consultas e tratamentos para evitar que isso aconteça. Mas como há centenas de análises clínicas a serem realizadas de manhã, isso pode provocar uma maior concentração de pessoas.

No dia 7 de outubro, o Hospital de Santa Maria também teve uma situação semelhante, contou uma doente à presidente da associação Evita, Tamára Milagre, com muitos doentes oncológicos a terem de aguardar no exterior numa altura em que ainda fazia muito calor durante o dia e sem qualquer tipo de abrigo.

“Atento à necessidade dos doentes e acompanhantes aguardarem no exterior, em março passado foram instaladas tendas à entrada de todos os edifícios e continuamos a adaptar as estruturas às contingências atuais, de forma a garantir um maior conforto para todos os que têm de vir ao Instituto”, disse o IPO em julho. Tamára Milagre considera que a situação no Hospital de Santa Maria e nos restantes hospitais também estará melhor para os doentes oncológicos — pelo menos não tem recebido queixas, assegura.

Filas de doentes oncológicos no Hospital de Santa Maria, a 7 de outubro, conforme relatado por uma doente à associação Evita

A presidente da associação Evita, que representa portadores de mutações genética com alto risco para cancro, reconhece que “as pessoas que vêm de fora não podem escolher o minuto a que chegam ao hospital” e que “se a sala de espera já estava a rebentar pelas costuras [antes da pandemia], agora está ainda pior porque tem de haver distanciamento”. No entanto, Tamára Milagre deixa um apelo aos doentes para não irem para o hospital antes do tempo, que mais vale aguardar sentado num café do que ao sol ou ao frio numa fila no exterior do hospital. No IPO Lisboa e no Hospital de Santa Maria, por exemplo, é pedido aos doentes que só cheguem 15 minutos antes.

Tamára Milagre acrescenta, porém, que há outra coisa que devia mudar: “O sistema tem de aumentar a resposta. Tem de utilizar os setores complementares privado e social”. A presidente da associação Evita defende que todos os doentes têm o direito de ser tratados atempadamente e não exclusivamente os doentes Covid-19. “Não há tratamento com equidade, é tudo para a Covid-19. Tudo o resto ficou em fila de espera.” Literalmente.

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