Há uma maior probabilidade de infeção dentro de um agregado familiar do que em contextos sociais. No Natal, dois em cada mil portugueses poderão infetar outras pessoas. Os números foram divulgados por Henrique Barros, do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, durante a reunião sobre a situação epidemiológica da Covid-19 em Portugal, que decorreu na manhã desta quinta-feira no Infarmed.

O epidemiologista começou por avançar que a probabilidade de uma pessoa infetar noutra num contexto familiar é de 23,5%. Tendo em conta a suscetibilidade de uma infeção dentro de uma casa, Henrique Barros explicou que:

  • Num agregado familiar de 5 pessoas, há pelo menos uma pessoa que vai infetar outra;
  • Numa família de 9 pessoas irão ocorrer duas infeções;
  • Em 100 famílias com um agregado de 5 pessoas, assumindo a probabilidade de 23,5%, em cerca de 1/3 das famílias ninguém será infetado, mas nos restantes 2/3 haverá 1 a 4 casos de infeção.

No caso dos contactos sociais, em que não há um convívio diário — ao contrário das famílias —, a probabilidade baixa para 6%. Assim:

  • Se tivermos 100 grupos de 5 pessoas, não haverá infetados em mais de 75%, mas nos restantes 22% ou 23%, haverá 1 ou até 4 casos de infeções;
  • Se houver uma pessoa infetada num grupo de 5 pessoas, a probabilidade de ocorrer uma infeção é perto de 20%;
  • Se houver uma pessoa infetada num grupo de 10 pessoas, o valor sobe para 45%;
  • Se houver uma pessoa infetada num grupo de 15 pessoas, o valor sobe para perto dos 60%.

Se em cada família o risco de infeção é pequeno, mesmo que em cada conjunto de 15 pessoas o risco é pequeno, isto multiplicado por milhares de reuniões familiares ou desta dimensão, corresponderá à ocorrência de muitas infeções”, afirmou Henrique Barros.

Vacinas: quantas pessoas é preciso imunizar?

O epidemiologista do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto falou ainda na percentagem de pessoas que teriam de ser vacinadas tendo em conta a eficácia das vacinas. Se uma pessoa infetada originar três casos de infeção, o cenário é o seguinte:

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  • Numa vacina com eficácia de 100% seria preciso vacinar 67% da população;
  • Numa vacina com eficácia de 95% seria preciso vacinar 74% da população;
  • Numa vacina com eficácia de 70% seria preciso vacinar 95% da população;

Baixando o risco de infeção para uma pessoa infetada originar dois casos de infeção:

  • Numa vacina com eficácia de 100% seria preciso vacinar 70% da população;
  • Numa vacina com eficácia de 95% seria preciso vacinar 56% da população;
  • Numa vacina com eficácia de 70% seria preciso vacinar 50% da população.