Os Emirados Árabes Unidos (no dia 9 de dezembro) e o Bahrain (uns dias depois) foram os primeiros países do mundo a aprovar em pleno uma vacina contra a Covid-19, a vacina da farmacêutica chinesa Sinopharm, noticia a Nature News. Nem a própria China deu, até ao momento, autorização total à vacina: a distribuição tem sido feita ao abrigo de uma autorização de uso de emergência.

Este tipo de aprovação de uso de emergência ou autorização condicional é o que tem sido adotado pelos vários países, como Reino Unido e Estados Unidos, ou o que a Agência Europeia do Medicamento vai fazer. Até a Rússia deu autorizações condicionais às vacinas desenvolvidas no país, enquanto aguarda os resultados da terceira fase dos ensaios clínicos.

Os Emirados Árabes Unidos tinham concedido autorização de uso de emergência em setembro e agora, depois de anunciarem que a vacina tinha uma eficácia de 86%, os reguladores do país autorizaram a introdução no mercado. O Bahrain apenas disse ter dado autorização a uma vacina com 86% de eficácia, embora não tenha dito explicitamente que se tratava da Sinopharm.

Covid-19: Emirados Árabes Unidos afirmam que vacina chinesa tem 86% de eficácia

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Ambos os países fizeram os anúncios via comunicado de imprensa e a farmacêutica ainda não deu qualquer informação sobre estes resultados. Até ao momento, não foram conhecidos os dados sobre a terceira fase dos ensaios clínicos da Sinopharm, o que faz os cientistas não envolvidos no processo a duvidarem dos resultados anunciados.

Os órgãos de comunicação social ligados ao governo chinês dizem que a farmacêutica Sinopharm já recebeu encomendas da vacina contra a Covid-19 de mais de 100 países. A vantagem desta vacina é que usa o vírus inativado e, portanto, não requer condições de frio tão exigentes como a vacina da Pfizer/BioNTech (menos 70º C). Outro ponto a favor da Sinopharm, é a incapacidade de muitos países acederem às vacinas de outras farmacêuticas que foram compradas em larga escala pela Europa e Estados Unidos.

O que os especialistas receiam é que, na urgência de ter acesso a uma vacina, as entidades reguladoras não façam um rigoroso escrutínio dos dados e que não exijam todos os dados necessários para fazer a devida avaliação de segurança e eficácia.