A ministra da Coesão Territorial disse esta quarta-feira que o pacote adicional de 300 milhões de euros de fundos europeus para o Algarve na próxima década traz uma responsabilidade “muito grande” aos decisores políticos no sentido de fazer as “escolhas” certas.

O facto de a solidariedade europeia ter dado ao Algarve um pacote adicional de 300 milhões de euros de fundos comunitários traz-nos uma responsabilidade muito grande”, disse Ana Abrunhosa, à margem do lançamento da obra do Polo Tecnológico do Algarve — UAlg TEC Campus, um projeto de acelerador de empresas promovido pela Universidade do Algarve (UAlg).

A ministra afirmou que será preciso apresentar “um programa com objetivos e indicadores, uma espécie de contrato-programa” que resulte, dentro de dez anos, num Algarve “mais resiliente, com empresas mais inovadoras e com trabalho mais qualificado”.

O pacote adicional de 300 milhões de euros especificamente dirigido ao Algarve, no âmbito do próximo Quadro Financeiro Plurianual e do Fundo de Recuperação — que representam um valor global de 45 mil milhões em subsídios da União Europeia para Portugal nos próximos sete anos —, foi anunciado em julho pelo primeiro-ministro António Costa.

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Ana Abrunhosa deixou uma “mensagem muito forte” no sentido de que todos os decisores políticos algarvios se empenhem no desenho dessa estratégia, porque vai ser preciso “prestar contas” e fazer “as escolhas certas” para o Algarve, “uma das regiões que mais sofreu” com a pandemia de Covid-19.

Não temos de ter medo de prestar contas, definir objetivos e o caminho para atingir essas metas. Isso vai implicar que tenhamos de fazer escolhas em conjunto, vai implicar que façamos umas coisas e não façamos outras, vai implicar que façamos diferente do que fizemos no passado e vai implicar que trabalhemos em conjunto para que essas escolhas sejam assumidas por todos”, frisou.

O objetivo passará por “estimular outras atividades económicas que já têm semente aqui”, especialmente nos setores da saúde e envelhecimento ativo e saudável, energia, tecnologias e economia do mar, privilegiando também a resolução de carências em áreas como a mobilidade e a habitação.

Nesse sentido, o Polo Tecnológico do Algarve – UAlg TEC Campus é “o melhor exemplo de aplicação de fundos europeus”, porque “marca a diferença” ao promover a transferência e criação de conhecimento.

Trata-se de um projeto de 6,6 milhões de euros, com financiamento comunitário na ordem dos 70%, que passa pela instalação de um acelerador de empresas num edifício reabilitado no campus da Penha e pela criação de um centro de simulação clínica no campus de Gambelas, em Faro.

O acelerador de empresas vai permitir albergar cerca de 300 a 350 pessoas altamente qualificadas.

“Vamos ter empresas que já estão no mercado e necessitam de crescer, podendo criar neste espaço dinâmicas entre si e com a universidade”, explicou o reitor da UAlg, Paulo Águas.

A obra, com um prazo de conclusão de nove meses, deverá estar pronta antes do final de 2021, existindo já pelo menos três dezenas de empresas interessadas em fixar-se neste novo polo. Já o centro de simulação clínica, denominado UAlg TEC Health, cuja obra também está em curso, vai permitir formar profissionais de saúde e interagir com empresas na área da saúde.