A Câmara de Lisboa vai discutir na segunda-feira uma proposta do Bloco de Esquerda (BE) para dar um apoio financeiro de 187 mil euros à Casa do Alentejo, em risco de encerrar, foi esta quinta-feira anunciado.

Em comunicado, o partido dá conta de que o documento que vai a votos na reunião privada do executivo visa “garantir o apoio a diversas organizações com trabalho de relevo na cidade de Lisboa”, entre as quais a Casa do Alentejo, “instituição com quase um século de existência e que recentemente veio a público pedir auxílio das instituições públicas para não encerrar”.

O apoio enquadra-se no Fundo de Emergência Social da autarquia, liderada pelo PS, que garantirá apoios a organizações sem fins lucrativos com “quebras significativas na receita decorrente da crise pandémica”, refere a nota do gabinete do vereador do BE, Manuel Grilo, que tem o pelouro dos Direitos Sociais.

A proposta inclui ainda um apoio de 84 mil euros ao Centro Social da Ajuda, de 16,9 mil euros à Casa do Brasil de Lisboa e de 28 mil euros à Associação Positivo, que “trabalha na área do VIH/SIDA, entre outras entidades com intervenção social na cidade”.

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O autarca do BE, que tem um acordo de governação do concelho com o PS, defende que o apoio do município ao tecido associativo e não-lucrativo da cidade “é mais uma prova de que a câmara pode e deve intervir para salvar organizações essenciais à cidade, nas mais diversas áreas”.

O pelouro da Educação e dos Direitos Sociais da Câmara Municipal de Lisboa “já investiu mais de 11,3 milhões de euros em apoios sociais”, refere ainda o comunicado.

Há cerca de um mês, o presidente da associação que gere a Casa do Alentejo disse à Lusa que se está a “fazer tudo” para não fechar em 2021 e pediu “discriminação positiva” nos apoios do Estado. João Proença explicou na ocasião que, devido à pandemia de Covid-19, a “vertente da gastronomia”, responsável pelas receitas do restaurante e do bar, está “completamente parada”.

Com 34 trabalhadores e despesas que atingem “40 ou 50 mil euros mensais, sem muito esforço”, a Casa do Alentejo já recorreu a todos os expedientes “que foram possíveis para atenuar as dificuldades”, nomeadamente “ao layoff para os trabalhadores” e às linhas de crédito “para reforço da tesouraria e pagar aos fornecedores”, afirmou.

Porém, o prolongamento da pandemia deixou a instituição na iminência de entrar em 2021 “com uma situação ainda muito precária”, salientou João Proença, defendendo que é necessário o Estado apoiar uma entidade que tem “os impostos e tudo em dia” e que contribui com “receitas para o Orçamento do país”.

A Casa do Alentejo, fundada em 1923, é uma associação que, segundo a sua página oficial na internet, contribui para a “dinamização, promoção e preservação da cultura alentejana” na Área Metropolitana de Lisboa, atuando como um “espaço cultural polivalente” onde acolhe várias vertentes como apresentações de livros, sessões de poesia, conferências temáticas e semanas dedicadas aos concelhos do Alentejo, entre outras atividades.

Situada num palácio do século XVII, na Rua das Portas de Santo Antão, na baixa de Lisboa, a Casa do Alentejo tornou-se num espaço de referência cultural e gastronómica da região alentejana na capital, no qual se destacam o seu restaurante, a taberna típica e o Espaço Alentejo, onde decorrem as várias atividades culturais apoiadas pela associação.