O eurodeputado, vice-presidente do Partido Popular Europeu (PPE), Paulo Rangel considera que os erros cometidos pelo ministério tutelado por Francisca Van Dunem colocam em causa a ministra e que esta deve “tirar consequências políticas, demitindo-se” já que considera as justificações dadas pela ministra da Justiça “impensáveis” e que esta é uma “questão política altamente sensível” e não “uma questão burocrática”.

“Trata-se de uma questão política altamente sensível, não é uma questão burocrática”, diz Paulo Rangel, acrescentando que a saída da ministra da Justiça “é uma questão de salubridade do Estado”.

Ao Público, o eurodeputado nota que este caso fragiliza a posição de Portugal, na mesma altura em que assume a presidência do Conselho da União Europeia e quando o caso de Ihor Homeniuk, o cidadão ucraniano assassinado no aeroporto de Lisboa, ainda está na memória recente de todos.

“Portugal começa a Presidência europeia muito fragilizado”, disse Paulo Rangel ao diário, sublinhando que a ministra da Justiça e Eduardo Cabrita vão ter de presidir ao Conselho de Justiça e dos Assuntos Internos “com esqueletos no armário” quando são duas áreas com questões essenciais da Presidência portuguesa: o pacto para as migrações e a nova estratégia Schengen (que devem ser apresentados em maio, de acordo com as expectativas da presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen).

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Sobre as justificações dadas pelo ministério da Justiça, que procuravam afastar Van Dunem de qualquer responsabilidade no caso, Paulo Rangel contraria: “Não há hipótese nenhuma de a ministra não saber”.

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“Ninguém, nenhum serviço, alterava uma decisão do Conselho Europeu sem conhecimento da ministra. Trata-se de um assunto ao mais alto nível da diplomacia, não há lapsos possíveis, a ministra tem de ter visto isto ao milímetro”, defendeu o eurodeputado frisando que a ministra “conhece muito bem” o Ministério Público e os procuradores em causa.