O Centro Hospitalar e Universitário do Algarve (CHUA) está a retomar a atividade cirúrgica programada e voltou a ter todos os blocos operatórios a funcionar na sequência da diminuição do número de internamentos por Covid-19, disse a administração.

Neste momento voltámos a por todos os blocos operatórios em funcionamento, voltámos a ter atividade cirúrgica e, portanto, estamos a recuperar atividade cirúrgica”, afirmou aos jornalistas a presidente do Conselho de Administração do CHUA, Ana Castro.

Segundo Ana Castro, que falava à margem de uma visita ao novo serviço de Cardiologia do hospital de Faro, o centro hospitalar está a voltar às consultas, sobretudo as presenciais, “que estavam um bocadinho mais diminuídas”. “Neste momento, aquilo que nós fizemos com a diminuição da procura e a diminuição de situações que temos em termos de Covid-19, foi voltar àquilo que é a nossa atividade normal, ou seja, voltar às cirurgias programadas“, sublinhou.

Em 13 de janeiro, devido à pandemia de Covid-19, a ministra da Saúde emitiu um despacho que determinava que os hospitais do Serviço Nacional de Saúde passassem os seus planos de contingência para o nível máximo e suspendessem a atividade assistencial programada não urgente para reforçar os cuidados aos doentes críticos. No entanto, o despacho não ordenava a suspensão das cirurgias urgentes ou muito prioritárias, nem se aplicava a hospitais como o Instituto Português de Oncologia, tendo sido apenas suspensas as cirurgias programadas.

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De acordo com Ana Castro, tal como nos outros hospitais, o CHUA, que congrega os hospitais de Faro, Portimão e Lagos, manteve sempre as cirurgias de urgência, de emergência e oncológicas, mas está agora a voltar à “atividade dita normal da instituição”, ou seja, “àquilo que era antes”. Questionada pelos jornalistas se essa reposição da oferta clínica está a ser acompanhada por um aumento da procura, Ana Castro referiu que “a procura já existia, mas os hospitais não tinham como fazer essas cirurgias“.

Vamos voltar a pegar nesses doentes que tínhamos já connosco e voltar a operá-los”, referiu, embora sem conseguir quantificar as cirurgias que ficaram suspensas durante o período em que vigorou a restrição, que foi aproximadamente um mês. Ainda segundo Ana Castro, as especialidades mais afetadas pela suspensão das cirurgias programadas foram todas as que não eram “nem urgentes, nem emergentes”, assim como as cirurgias oncológicas. “Os doentes com prioridade definida como normal tiveram que aguardar mais algum tempo“, concluiu.

O serviço de Cardiologia do Hospital de Faro foi alvo de obras de requalificação durante seis meses, num investimento de 500 mil euros, que permitiram a ampliação da área da Eletrofisiologia e a criação de uma sala de Ecocardiografia e de uma sala de recobro.

A intervenção abrangeu ainda a modernização dos sistemas de chamada de doentes, instalação de climatização no corredor e a substituição do pavimento, numa área total de remodelação de 780 metros quadrados. O serviço é agora constituído por seis camas de cuidados intensivos, 15 de enfermaria e quatro de recobro. Questionada pelos jornalistas sobre a necessidade de um novo hospital para a região, Ana Castro sublinhou que “será sempre um objetivo da região do Algarve” ter “um hospital novo” e “com outro tipo de condições”. “Mas, temos uma certeza: os doentes que vamos tratar têm que ser tratados neste”, sublinhou, acrescentando que, enquanto não houver “outra realidade”, esta “tem que ser melhorada” para que possam ser cumpridos os objetivos da instituição.

O hospital de campanha instalado no Portimão Arena para apoio de retaguarda a doentes com Covid-19 foi também desativado na segunda-feira, depois de o CHUA passar a registar apenas 60% de internados nas enfermarias dedicadas à Covid-19. A estrutura dedicada a doentes com Covid-19 foi instalada naquele pavilhão municipal em 10 de janeiro, mas face à descida do número de internados o CHUA decidiu baixar da fase quatro do plano de contingência para a fase três.

A pandemia de Covid-19 provocou, pelo menos, 2.419.730 mortos no mundo, resultantes de mais de 109,4 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP. Em Portugal, morreram 15.649 pessoas dos 790.885 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.