Os serviços de inteligência dos Estados Unidos subestimaram o perigo de invasão ao Capitólio, que acabou por acontecer a 6 de janeiro, e rejeitaram o reforço do dispositivo de segurança para conter “criminosos prontos para a guerra”. A revelação foi feita por vários responsáveis dos serviços de inteligência, durante uma audiência que decorreu esta terça-feira no Senado norte-americano.

Depois da absolvição do antigo Presidente dos Estados Unidos da América (EUA), o republicano Donald Trump, que estava acusado de incitar a tentativa de insurreição no início do ano, o Congresso começou agora uma investigação para perceber como algo considerado impensável acabou por acontecer, de modo a evitar mais um “dia negro”.

Vários responsáveis destas agências de inteligência acabaram por cessar funções na sequência da invasão ao Capitólio e apenas esta terça-feira falaram sobre o assunto, perante os congressistas, durante uma audiência em que os invasores ao Capitólio foram descritos como “criminosos prontos para a guerra”, de acordo com a France-Presse (AFP).

Apesar de declarações dissonantes, quase todos concordaram na lentidão do Pentágono a enviar reforços e da falta de seriedade dos serviços de inteligência em relação a esta ameaça. “Sem as informações para que se possa preparar adequadamente, a polícia do Capitólio não tinha pessoal suficiente para lidar com uma multidão extremamente violenta”, disse o antigo dirigente desta força de segurança, Steven Sund.

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Já o antigo sargento de armas Paul Irving considerou, com “base nas informações” de que dispunha, que a polícia estava “erroneamente” preparada. “Agora sabemos que o plano era fraco”, prosseguiu, completando que ficou “profundamente abalado” com a invasão.

No dia 6 de janeiro, dia em que o Congresso confirmava a vitória do democrata Joe Biden nas presidenciais de 3 de novembro de 2020, uma multidão, maioritariamente constituída por apoiantes de Trump, invadiu o Capitólio, na tentativa de impedir a validação do resultado das eleições. A sessão foi interrompida e os congressistas abandonaram o edifício, enquanto a multidão invadiu o Capitólio, confrontou a polícia, vandalizou gabinetes, o plenário, e roubou documentos e outros objetos.

Donald Trump, que discursou momentos antes da invasão perante os apoiantes que rumaram ao Capitólio, foi acusado de ser o autor moral da tentativa de insurreição, por ter apelado à multidão para que continuasse a “lutar”. O discurso que proferiu, assim como a tentativa descredibilização das eleições e as acusações infundadas de fraude eleitoral perpetrada pelos democratas, estiveram na base para o segundo processo de destituição de Trump, que acabou, tal como o primeiro, com absolvição do antigo chefe de Estado norte-americano.

Pelo menos cinco pessoas morreram durante a invasão ao Capitólio. As autoridades detiveram, entretanto, várias pessoas acusadas de participar neste ataque, algumas das quais tinham publicado nas redes sociais vídeos e fotografias enquanto a invasão decorria.