“Havia sinais que ia ser um jogo complicado para o Benfica”. No final da vitória frente ao Belenenses SAD, Jorge Jesus recuperou os números daquela que entrava na 22.ª jornada como terceira defesa menos batida, recordou a derrota do Sp. Braga e o empate do FC Porto no Jamor e deu ainda mais mérito ao triunfo dos encarnados, com uma primeira parte abaixo do esperado mas que contrastou com um segundo tempo avassalador que arrumou as contas com três golos em dez minutos e confirmou o momento de retoma que atravessam nesta fase.

Eu safo, tu safas, ele Sefe (a crónica do Belenenses SAD-Benfica)

Alguns números: terceira vitória consecutiva, quebra de uma série de cinco jogos fora no Campeonato sem ganhar (desde dezembro, em Barcelos) e melhor série de encontros seguidos sem sofrer golos – e com raras oportunidades cedidas ao ataque dos azuis. No entanto, até pelo abraço trocado com Seferovic que deixou visivelmente satisfeito Jorge Jesus, foi do suíço e dos dois golos marcados em pouco mais de três minutos que se falou num jogo realizado num Jamor inicialmente descrito pelo técnico como um palco com relva e iluminação “manhosas”.

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“Tenho falado muito com o Seferovic, tenho feito muitas correções e por isso é que ele veio ter comigo porque esta semana disse-lhe várias coisas em relação ao posicionamento dele que tinha de melhorar. A pouco e pouco, tem vindo a melhorar. Normalmente na história do Benfica os pontas de lança fazem 30 golos, se forem para outras é igual, e tenho estado a tentar corrigir posicionamentos na área a ele, ao Darwin e ao [Gonçalo] Ramos, que é o mais novo, porque penso que assim ficam mais perto do golo”, começou por explicar na conferência de imprensa.

“Até pelas características que ele tem precisa de um jogo coletivo e de uma equipa a criar situações para depois finalizar. Não é um jogador como é por exemplo o Darwin, esse não precisa porque em condições normais agarra na bola, tira da frente e faz golo porque é muito rápido, o Seferovic tem outras características, mais posicionais. Temos vindo a trabalhar nisso, até na perda de bola, quando joga de costas era um jogador que dava pouca segurança à equipa porque perdia muito a bola. Está a melhorar individualmente e com isso a equipa também melhora, é o normal numa equipa. É o que está a acontecer ao Benfica, estão a melhorar. Falámos dos golos do Seferovic mas o Grimaldo também faz duas assistências”, acrescentou Jorge Jesus.

No entanto, foi numa pergunta sobre a nostalgia gerada pelos jogos no Jamor, uma espécie de palco sagrado onde durante anos a fio se deslocou como adepto e como treinador, que Jorge Jesus recordou os tempos em que tudo era diferente, em Portugal e no mundo. “Hoje quando entrei lembrei-me disso mas essa nostalgia não é só da final da Taça [de Portugal] não ser aqui, a nostalgia é da nossa vida. Hoje não vivemos em liberdade. Vivemos em liberdade de expressão mas não vivemos em liberdade intelectual, espiritual. Face à pandemia, todos temos restrições e o futebol não foge a isso, embora este relvado não tenha condições para uma final. Este estádio é bonito, lindo, ainda não percebo porque é que não há aqui entendimentos para que se coloque aqui um relvado em condições… Temos de jogar noutro lado mas, para mim, Jamor diz muito, por ter crescido aqui perto”, frisou.

“Na primeira parte faltou alguma coisa para entrar na última linha do Belenenses SAD. Dos três grandes só o Sporting ganhou aqui, o Sp. Braga e o FC Porto não ganharam, e acho que nenhuma equipa fez três golos ao Belenenses SAD esta época. Depois começou a entrar aquilo que tínhamos falado ao intervalo. A seguir ao 3-0 começámos a gerir mais o resultado. A equipa nas segundas partes, ao contrário do que acontecia há quatro jogos, onde caía, começa agora a jogar melhor, há quem não entenda ainda isto… Mas pronto…. A equipa corre mais e está melhor”, tinha salientado Jorge Jesus na zona de entrevistas rápidas da Sport TV.

“Melhor fase da época? É uma fase de recuperação da equipa. A equipa teve um mês de janeiro toda ela infetada e agora tem de recuperar jogo a jogo. Esta é uma equipa que emocionalmente está muito forte, não é fácil estares a tantos pontos da liderança e termos esta qualidade e confiança. Quero dar os parabéns aos jogadores. Na segunda parte disse que íamos ter oportunidades e que não poderíamos perder. Fomos muito melhores na segunda parte e a equipa do Belenenses SAD foi perdendo fôlego. As nossas contas agora são jogo a jogo. Hoje era um jogo importante como era e vai ser sempre. Agora é andar atrás do prejuízo e de uma classificação, que não estávamos, nem de perto nem de longe, à espera que pudesse acontecer”, concluiu o técnico dos encarnados.