O Tribunal Judicial de Braga começa na terça-feira a julgar um septuagenário acusado de agredir e tentar matar a ex-mulher na residência do casal em Cabanelas, Vila Verde. O arguido responde por um crime de violência doméstica e outro de homicídio qualificado na forma tentada.

Segundo a acusação, o arguido era “bastante ciumento” e desde o início do casamento, celebrado em novembro de 2016, começou a injuriar e ameaçar de morte a mulher. Aquele foi o quarto casamento do arguido. O arguido terá ainda obrigado a mulher a ter relações sexuais com ele.

O casal divorciou-se em agosto de 2019 mas continuou a viver na mesma habitação, embora dormindo em quartos separados, até à concretização da venda da casa. No dia 03 de outubro de 2019, quando a ex-mulher estava a arranjar as coisas para sair de casa, o arguido terá tentado atingir a mulher com uma catana na cabeça, mas ela conseguiu defender-se, ficando ferida numa mão.

A mulher, “em legítima defesa“, atingiu o homem com uma faca no abdómen e atirou-lhe uma jarra à cabeça, tendo o arguido abandonado o local. Já com a GNR no local, o arguido terá dito que a ex-mulher até poderia sair de casa, mas morta.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O arguido agiu com o propósito concretizado de atingir a sua ex-esposa com uma catana numa zona do corpo onde sabia estar alojados órgãos vitais, bem sabendo que ao atuar desse modo lhe podia provocar um corte profundo e assim a poderia matar, resultado com o qual se conformou e quis, só o não logrando obter por circunstâncias alheias à sua vontade”, refere a acusação.

O arguido ainda requereu a abertura de instrução, para tentar não ir a julgamento, mas sem sucesso. Pedia ainda que a ex-mulher fosse pronunciada por homicídio tentado, mas também aqui o juiz não lhe deu razão, considerando que ela atuou em legítima defesa.

No requerimento de abertura de instrução, o arguido negou tudo, assegurando que todas as relações sexuais mantidas com a mulher foram consentidas e que nunca a tratou mal. Disse ainda que nada tinha contra a mulher e que nunca se opôs a que a mesma abandonasse a casa, afirmando que até “já tinha colocado anúncio para encontrar outra mulher”.

Quanto à catana, disse que pegou nela para arrombar a porta do quarto da mulher, porque ela não abria a porta e ele queria ver o boletim meteorológico na televisão. A mulher, alegou ainda o arguido, ter-se-á ferido acidentalmente na catana.