Pode não parecer, mas a fotografia que abre este artigo foi tirada este sábado, em Barcelona, naquele que terá sido um dos maiores concertos ao vivo em Espanha desde o início da pandemia do novo coronavírus. Por volta das 19h30, hora espanhola (mais uma que em Portugal continental), o Palau de Sant Jordi tinha cinco mil pessoas reunidas para ver uma atuação do grupo espanhol Love of Lesbian. Todos usavam máscara e todos fizeram um teste rápido antes de entrar.

Segundo contas apresentadas pelo La Vanguardia, apenas seis dos cinco mil espetadores acusaram positivo para infeção com Covid-19 (números cedidos pela organização). O concerto não exigiu medidas de distanciamento social: em vez disso — e além dos testes rápidos realizados a toda a gente que entrou no recinto — houve medições de temperatura, máscaras FFP2 gratuitas e centenas de litros de álcool gel. A decisão de avançar com este formato envolveu altos responsáveis do poder local como o ministro da Cultura da Generalitat, Àngels Ponsa; o do Território e Sustentabilidade, Damià Calvet; o Secretário-Geral da Saúde, Marc Ramentol, e a Vice-Presidente da cidade de Barcelona, ​​Janet Sanz — todos queriam testemunhar o regresso de algo que em cenário de pandemia parecia inalcançável.

O concerto começou com 30 minutos de atraso, culpa do controlo de acesso que, como já se esperava, atrasou a entrada do público — que tinha que estar devidamente credenciado e apresentar o resultado negativo do teste rápido, tudo através de uma aplicação móvel. Enquanto se esperava que a sala enchesse, canções dos Beatles, como por exemplo a “Come Together”, ironicamente iam dando música ao recinto.

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No final do concerto, Marc Ramentol confirmou à comunicação social que “ensaios” como o deste sábado permitem perceber melhor como será possível “abrir as portas e recuperar a normalidade da vida cultural respeitando as máximas garantias legais e de segurança”. Defendeu ainda que este regresso é algo ansiosamente esperado por toda a gente e que recuperar estes espaços e acontecimentos culturais depois de “um ano de medidas restritivas que limitam a vida social” é essencial para combater o impacto negativo tanto nos trabalhadores da cultura como nos grupos sociais mais jovens.

© Getty Images

Este teste piloto foi promovido pela plataforma Festival for Safe Culture, que tem como base o ensaio pioneiro que foi realizado na Sala Apolo (espaço de concertos em Barcelona) e organizado pela Primavera Sound e a Fundação de Luta Contra a SIDA e Doenças Infecciosas — aconteceu a 12 de dezembro de 2020.

Não houve qualquer registo de problemas no decorrer do concerto, algo que se se mantiver assim pode transformar este espetáculo num precedente importante para o regresso ao normal.