O Presidente da República de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, apelou esta quarta-feira à população para uma vacinação sem receios contra a Covid-19, pouco depois de ser imunizado, na Praia, com a primeira dose da vacina da AstraZeneca.

“São uns segundos, não custa nada. E eu, como Presidente da República e como cidadão cabo-verdiano, apelo a todos os cabo-verdianos que quando for a usa vez tomem a vacina com confiança, com esperança, porque só assim é que conseguimos vencer esta epidemia“, afirmou, em declarações aos jornalistas, depois de receber a vacina no Centro de Saúde de Tira Chapéu, cidade da Praia.

Apesar das recorrentes dúvidas sobre segurança da vacina da AstraZeneca, Jorge Carlos Fonseca, 70 anos, afastou receios e garantiu que dentro de três meses está de volta para a segunda dose.

“Não, de maneira nenhuma. Era o que faltava. Eu sempre me disponibilizei, coube-me hoje fazer vacina, eu podia estar intranquilo e não ser vacinado”, disse. “Receios, fantasias, é por isso de lado e nós todos termos essa atitude positiva de colaboração com as entidades sanitárias”, acrescentou.

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O chefe de Estado sublinhou a importância de Cabo Verde concretizar a meta estabelecida de vacinação de 70% da população até final do ano, assumindo dar o contributo para esse processo.

Quis colaborar com as autoridades sanitárias, na ideia que a grande esperança que nós temos para vencermos essa epidemia é termos uma vacinação da população cabo-verdiana com êxito, com sucesso, de forma a que, no mais breve tempo possível, Cabo Verde possa retomar os caminhos do crescimento económico, do progresso e da normalidade possível”, destacou.

Cabo Verde recebeu 24.000 doses da vacina contra a Covid-19 da AstraZeneca em 12 de março e 5.850 da Pfizer dois dias depois, com o plano de vacinação nacional a iniciar-se em 19 de março, assumindo o Governo a meta de vacinar 70% da população até final do ano.

As doses já recebidas em Cabo Verde inserem-se num total de 108 mil a fornecer pela AstraZeneca ao abrigo da Covax, iniciativa fundada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) que visa garantir uma vacinação equitativa contra o novo coronavírus.

“Em razão da eficácia comprovada da vacina Covidshield (Oxford/AstraZeneca) na prevenção da hospitalização e morte por covid-19, superando o risco raro de desenvolvimento de eventos tromboembólicos, ERIS e DNS recomendam prosseguir o Plano Nacional de Vacinação, uma vez que as evidências científicas confirmam a segurança na utilização das vacinas em causa”, lê-se numa diretiva conjunta das duas instituições, Entidade Reguladora Independente da Saúde (ERIS) e Direção Nacional de Saúde (DNS), de 19 de março.

Para suportar esta decisão, as duas entidades recordam no documento que a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) iniciou uma revisão dos casos de eventos tromboembólicos notificados, tendo concluído que “o benefício” daquela vacina “continua a superar os riscos de efeitos indesejáveis da vacina” e que “não está associada a um aumento no risco de formação de coágulos sanguíneos (eventos tromboembólicos) nas pessoas que receberam a vacina”.

Em 18 de março, um dia antes do início do plano de vacinação no arquipélago, foi feita uma cerimónia de antecipação, na Praia, com três médicas, duas enfermeiras e uma auxiliar do centro de saúde da Achada de Santo António a receberem a primeira dose da vacina.

“É um grande momento, que deve ser assinalado com muita confiança”, afirmou, na altura, o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva.

A vacinação começou com os profissionais de saúde que trabalham na linha da frente do combate à pandemia, mas o plano de vacinação contra a covid-19 em Cabo Verde colocou nos grupos prioritários ainda os doentes crónicos, maiores de 60 anos, profissionais do turismo, professores, agentes da Polícia Nacional, Forças Armadas e elementos do Serviço Nacional de Proteção Civil e Bombeiros, estimando-se a necessidade de 267.293 doses da vacina.