Em Berlim, polícia e milhares de manifestantes envolveram-se em confrontos, esta quarta-feira, durante um protesto contra a aprovação de uma lei que reforça os poderes da chanceler Angela Merkel para endurecer a luta contra a terceira vaga de Covid-19 na Alemanha.

A polícia utilizou gás lacrimogéneo para dispersar os cerca de 8.000 manifestantes que recusavam abandonar o local, segundo a agência France Presse. As forças de segurança deram conta de sete detenções e de vários lançamentos de projéteis contra os seus agentes. A dispersão foi ordenada porque os manifestantes não usavam máscara e não respeitavam o distanciamento social, mas a maioria manteve-se no local, gritando “nós somos o povo” e “o confinamento já chega”, segundo a agência de notícias.

Ao mesmo tempo que os protestos aconteciam do lado de fora, os deputados votavam uma reforma da lei sobre proteção contra os contágios de SARS-CoV-2. Para o governo, é fundamental assumir o controlo da gestão da pandemia, que já causou mais de 80.000 mortos. Apesar de a campanha de vacinação ter acelerado, a terceira vaga de infeções ainda não atingiu o pico, segundo os virologistas.

“Vacinar e testar não é suficiente” para quebrar esta terceira vaga, disse o ministro da Saúde, Jens Spahn, perante os deputados, qualificando a situação, marcada por um novo afluxo de doentes Covid aos hospitais, de “muito séria”. Para entrar em vigor, a lei deve ser aprovada na quinta-feira pelo Bundesrat (Conselho Federal).

O seu objetivo é aumentar as competências do poder central ao nível da saúde e da educação, normalmente prerrogativas das regiões. Permite impor um bloqueio severo da vida pública, previsto inicialmente até 30 de junho, sempre que a taxa de incidência, que mede as infeções numa semana, seja superior a 100 durante três dias. O desencadear automático deste “travão de emergência” deve acabar com as tensões com as regiões, algumas das quais ignoraram as medidas restritivas aprovadas com o seu aval.

A abordagem não é óbvia numa Alemanha muito apegada ao seu sistema federalista. Face às críticas, o governo flexibilizou o plano inicial, mas não abandonou a ideia de um recolher obrigatório geral. 

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