Boris Johnson nunca foi um político consensual e as alegadas declarações que surgiram esta segunda-feira de que preferia ver “corpos a empilharem-se aos milhares” do que decretar um novo confinamento, que entretanto o primeiro-ministro britânico já negou, colocaram-no ainda mais debaixo de fogo. Mas não é o único escândalo a que o nome do político está associado — abusos de poder e contratos para empresas de amigos também estão no centro da polémica.

Boris Johnson nega ter dito que preferia “corpos empilhados” a novo confinamento

O final de 2020 foi particularmente duro para Boris Johnson. Após a escalada no número de infeções no Reino Unido — a que coincidentemente se juntou a descoberta da nova variante –, levou a que o primeiro-ministro decretasse um novo confinamento, praticamente igual ao do início da pandemia de Covid-19. Ao mesmo tempo, o país tentava, a todo o custo, um acordo com a União Europeia — e, a dias do final do prazo, conseguiu-o.

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Apesar das dificuldades iniciais, três meses depois, o desfecho acabou por ser bastante positivo: os casos da doença diminuíram, a campanha de vacinação no Reino Unido foi um sucesso e, como lembra o La Vanguardia, o acordo do Brexit não significou o fim do mundo para os britânicos.

Mas o rumo dos acontecimentos e o aparente sucesso de Boris Johnson foi desfeito em semanas. Três escândalos fizeram a sua popularidade tremer — e o próprio partido está com receio de que existam outras polémicas ainda por desvendar.

O apoio fiscal ao amigo e a remodelação de Downing Street

Dentro do leque de escândalos, o primeiro a ser revelado foram as alegadas ajudas fiscais ao milionário James Dyson, a que Boris Johnson terá garantido, em março de 2020, ajudas fiscais, caso deslocalizasse as suas fábricas de Singapura para o Reino Unido para construir ventiladores. Em mensagens privadas a que a BBC teve acesso, o primeiro-ministro referiu o que país “precisava” do apoio do milionário e que ele era “o Primeiro Lorde do Tesouro” e que Dyson podia “assumir” que o país “o estaria a apoiar em tudo o que precisar”.

Dias depois, é a vez de serem investigadas as obras à casa em Downing Street, que Boris Johnson partilha com a mulher Carrie Symonds. Ao que tudo indica, o primeiro-ministro terá recorrido a fundos de cerca 58 mil libras (cerca de 67 mil euros) do Partido Conservador para financiar a renovação da habitação. No entanto, Nicholas True, do gabinete do primeiro-ministro assinalou que “qualquer custo de remodelação foi feito pessoalmente por Boris Johnson”. 

Neste contexto, o Partido Conservador de Boris Johnson está com receio — segundo o La Vanguardia –, de que haja ainda mais esqueletos no armário, que poderão já afetar o desempenho no partido nas próximas eleições municipais marcadas para 6 de maio.