Clotilde Antunes foi, esta quinta-feira, uma das primeiras pessoas a ser vacinadas contra a Covid-19 no Hospital Santa Maria, com o secretário de Estado Adjunto e da Saúde a destacar a importância da vacinação em contexto hospitalar.

Após ter sido vacinada numa sala das consultas externas, Clotilde Antunes disse aos jornalistas que ficou tão emocionada que chorou porque pensava que só ia receber a vacina em julho, quando faz 60 anos.

“Estou a sentir-me abençoada. Até estou emocionada”, confessou a utente que tem artrite reumatoide e é seguida na consulta de Reumatologia no Hospital Santa Maria, em Lisboa.

Clotilde Antunes, a segunda pessoa a ser vacinada nas consultas externas, foi convocada na terça-feira pelo hospital: “Ligaram-me a dizer para vir tomar a primeira dose da vacina, chorei um pouquinho, perguntei o que precisava trazer e a senhora muito bem-disposta disse-me: ‘Vem só você e o braço'”, contou, com uma gargalhada.

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“Estou muito aliviada porque tenho uma irmã que mora no Brasil que está entubada e eu sabia que tinha um risco muito grande porque tive pneumonia há dois anos e fiquei com um pouco de medo”, desabafou, assegurando que vai continuar a manter os cuidados de proteção que tinha.

O secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales, que assistiu à vacinação na consulta externa, disse à Lusa a sua visita ao hospital, que faz parte Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN), visou “avaliar as condições em que estão a ser vacinados os doentes”.

O que se pretende não é vacinar massivamente nestes locais, o que se pretende é vacinar um nicho de pessoas com doenças mais complexas, doenças oncológicas, doenças autoimunes, transplantados, que estejam no seguimento de doenças mais graves para que possa ser dado conforto, comodidade e acima tudo segurança, para poderem ser vacinados com um enquadramento de consultas externas e num contexto hospitalar com maior segurança”, explicou.

Lacerda Sales explicou ainda a sua presença no hospital como “mais um ato de formalização” para sensibilizar outros hospitais a aderir.

“Já há vários hospitais a aderirem a esta metodologia de vacinação e, portanto, estamos convencidos que esta mensagem vai passar e rapidamente os hospitais terão sensibilidade suficiente para dar resposta a estas necessidades”, salientou.

Também presente no Santa Maria, o coordenador da task force da vacinação contra a Covid-19, vice-almirante Gouveia e Melo, disse à Lusa que uma das características deste método é “aumentar a segurança do processo de vacinação” para pessoas com doenças complicadas e que não devem ser vacinados no posto vacinação normal.

Não é que os postos (de vacinação) não tenham capacidade para evitar acidentes ou reações alérgicas, mas é diferente estar num hospital e fazer esse processo com o hospital, sabendo que a pessoa tem determinadas vulnerabilidades, do que fazer num centro de vacinação”, explicou.

Questionado sobre se Portugal tem registo de muitas reações adversas, Gouveia e Melo disse que “são, estatisticamente, aquelas que acontecem, em todos os países”.

“Felizmente não há reações adversas que provoquem morte, mas são sempre uma preocupação e sendo uma preocupação devemos ter os cuidados todos possíveis e imaginários e este é um dos cuidados possíveis que nós estamos a ter neste momento”, salientou.

O presidente do CHULN, Daniel Ferro, disse, por seu turno, que já têm cinco áreas referenciadas, onde “há muitos doentes crónicos e muitos doentes com debilidade, seja pelo estado físico, seja pela patologia”.

Foi por aqui que iniciámos este processo que já está em curso e no fundo o que procuramos é complementar o processo de vacinação geral, porque muitas destas pessoas ainda não foram vacinadas porque têm idades mais recuadas e, portanto, o hospital vai complementar chamando estas pessoas se possível sempre sem grande incómodo a seguir a uma consulta ou a seguir a uma sessão de hospital de dia”, explicou.