Em abril, a região de Lisboa e Vale do Tejo era aquela onde mais faltavam médicos de família. Segundo os dados disponíveis no site BI-CSP do Serviço Nacional de Saúde (SNS), recolhidos pelo Público (artigo para assinantes), nesse mês, quase 620 mil dos 865.734 portugueses sem médico de família atribuído residiam nessa região. O número corresponde a 16,4% do total de utentes em Lisboa e Vale do Tejo.

Das cinco regiões de Portugal continental, o Norte era aquela onde a percentagem de portugueses sem médico era menor em abril (2,5%). Já o Algarve era a segunda pior, com 6,8% do total de utentes inscritos. A seguir vinha o Alentejo, com 6,3% dos cidadãos aí residentes sem o acompanhamento de um médico de família, e o Centro, com 4,8%.

A percentagem de cidadãos sem médico de família tem vindo a crescer desde 2018, quando foi registado o valor mais baixo. O número atual (865.734, isto é, 8,4% do total de utentes nacional) é ligeiramente superior ao do ano passado, mas melhor do que o registado em setembro de 2020, quando se ultrapassou a barreira do um milhão, lembra o Público.

A ministra da Saúde, Marta Temido, reconheceu recentemente que Portugal está “ainda longe” das metas desejadas no que diz respeito aos cuidados primários de saúde (o primeiro-ministro tinha prometido que em 2016 todos os portugueses teriam médico de família, mas essa promessa continua por cumprir). Porém, garantiu que o Governo continuará a “prosseguir” esse objetivo.

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Como lembra o Público, as entradas de jovens médicos de família nos dois concursos anuais não têm sido suficientes para dar resposta, sobretudo tendo em conta que o número de inscritos tem vindo a aumentar. A esta situação junta-se o facto de muitos médicos se estarem a reformar. “Estamos em anos de picos de reformas”, disse ao mesmo jornal o presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, Nuno Jacinto. Além disso, todos os anos muitas das vagas abertas pelo Ministério da Saúde ficam por preencher.

De acordo com os dados do Ministério da Saúde, referidos esta quarta-feira por Marta Temido na audição da Comissão da Saúde, desde 2015 foram criados mais de 25 mil portes de trabalho no SNS. Destes, 9.193 dizem respeito ao período que vai desde dezembro de 2019 a dezembro de 2020. Estes incluíam 3.263 enfermeiros, 521 médicos, 3.200 assistentes operacionais e mais de mil assistentes técnicos, adiantou a ministra, um “investimento significativo” em termos de reforço de profissionais e também “em termos de custos de exploração dos hospitais do SNS”.

Artigo atualizado às 10h10