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Reportagem. Como a PSP evitou novos ajuntamentos de jovens na noite lisboeta

Este artigo tem mais de 2 anos

Com o Bairro Alto e o Cais do Sodré repletos de jovens noctívagos, a PSP teve de formar um cordão de 20 agentes para evitar ajuntamentos no miradouro de São Pedro Alcântara.

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TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

“Desloque-se para o miradouro, as pessoas estão a começar a juntar-se aqui”. Eram 23h e o ajuntamento mais temido pelo chefe João Dias começava a concretizar-se no miradouro de São Pedro de Alcântara. Centenas de jovens vindos do Bairro Alto e do Cais do Sodré começavam a juntar-se no miradouro mais turístico de Lisboa — um hábito que se iniciou com o desconfinamento e que já tinha sido alvo de polémica no início de maio.

A causa é simples de explicar: com o encerramento obrigatórios dos restaurantes e bares do Bairro Alto e do Cais do Sodré às 22h30, os jovens deslocam-se para aquele amplo espaço ao ar livre com vista para o Rossio e restante baixa de Lisboa.

O bar que dançou a Macarena como se não houvesse pandemia e a concentração ilegal num miradouro. “Ali parece que não há Covid”

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Desta vez, contudo, a PSP do chefe João Dias estava preparada: centenas de jovens foram impedidos de continuar a festa por um cordão de duas dezenas de agentes da PSP, que bloqueava todas as entradas. Pelo meio, alguns protestos que não passaram de breves trocas de palavras. A ordem policial foi acatada de forma pacífica.

Um final feliz de uma noite em que o Observador acompanhou uma patrulha da PSP pelos pontos nevrálgicos da noite lisboeta que mais têm preocupado as autoridades nas últimas semanas. Uma noite em que as ruas desertas da baixa de Lisboa contrastaram com um Bairro Alto e um Cais do Sodré animados — e com várias brigadas da Cruz Vermelha a testarem gratuitamente mais de 80 jovens. Resultados? Todos negativos.

Agente da PSP

Os agentes da PSP saíram da 4.ª Esquadra na rua da Palma (Martim Moniz) por volta das 21h para a ação de fiscalização mas sem um plano definido — tudo dependeria das circunstâncias ao longo da noite.

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

No Cais do Sodré, os proprietários “não têm tido problemas com ninguém”

Os agentes da PSP saíram da 4.ª Esquadra na rua da Palma (Martim Moniz) por volta das 21h para a ação de fiscalização mas sem um plano definido — tudo dependeria das circunstâncias ao longo da noite.

A primeira paragem foi a Praça do Comércio, onde o silêncio era a palavra de ordem. Ainda estávamos longe das 22h30 — hora a que a lei obriga o encerramento da restauração — e os restaurantes e cafés espalhados pela rua Augusta já começavam a empilhar as cadeiras e a fechar portas.

No Cais do Sodré, o cenário era outro: as ruas animadas com dezenas de pessoas. As esplanadas estavam cheias, mas, como notava o chefe João Dias, o desconfinamento gradual assim o permite “desde que as mesas estejam separadas por dois metros e tenham até 10 pessoas”. Gradualmente a restauração aprendeu a adaptar-se às regras que a pandemia obriga. E o melhor exemplo é a famosa rua cor-de-rosa que se “transformou” com esplanadas mais amplas e com um novo negócio: servir refeições.

Mais pessoas concentravam-se na Praça de São Paulo, no quiosque do restaurante “Quatro Estações”. Paulo Graça, o proprietário do restaurante admite que se faz “o possível” para “fechar a horas e a tempo”. O relógio marcava 22h e a esplanada começava a ser levantada. “Não temos tido problemas com ninguém”, repetiu Paulo Graça três vezes, enquanto limpava as mãos ao avental vermelho.

Na conhecida Rua Cor de Rosa, no Cais do Sodré, as esplanadas estavam cheias.

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

Os testes gratuitos da Cruz Vermelha

A ação de fiscalização tinha um grande objetivo: o miradouro de São Pedro de Alcântara, onde a PSP esperava ajuntamentos logo após a hora de fecho dos restaurantes.

Às 22h30 o miradouro estava vazio. Apenas sobravam os voluntários que passaram a noite a realizar testes rápidos à Covid-19. Começavam a desmontar a tenda branca da Cruz Vermelha. A voluntária Carmo Carnot contava 57 testes realizados “todos negativos”. Contas feitas, a “adesão foi bastante agradável”. A iniciativa é para repetir “penso que nos próximos fins de semana”.

Durante a noite, a Cruz Vermelha montou duas unidades móveis de testagem, a segunda no Príncipe Real. A enfermeira Sara Martins estava a ajudar a arrumar o material e dava conta de terem realizado 29 testes. O número era menor,  mas não o suficiente para tirar o sorriso do rosto de Sara Martins: “os jovens estão cada vez mais informados e mais cientes que têm pais e avós em casa e por isso procuram ser testados”.

Foram realizados 86 testes à Covid-19, nesta que foi também a primeira vez que as unidades móveis da Cruz Vermelha foram montadas para realizar testes em massa nas zonas de atividade noturna da cidade de Lisboa.

Durante a noite, a Cruz Vermelha montou duas unidades móveis de testagem, a segunda no Príncipe Real. Todos os testes feitos naquela noite deram negativo.

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

O miradouro de São Pedro de Alcântara encheu-se com centenas de pessoas

Poucas pessoas passeavam no miradouro de São Pedro de Alcântara, como um grupo de seis amigos que queria “fugir à confusão”. João Noronha e Bruna Lopes celebraram o último dia de exames com um jantar no Cais do Sodré e subiram a rua como tantos outros: “passamos pelo Bairro Alto e estava cheio de pessoas e estamos a tentar afastar-nos um bocadinho”.

O quiosque estava fechado. Ivan Correia arrumava as cadeiras depois de um dia com “grande movimento e muitos turistas”. Para quem conhece bem o miradouro, os ajuntamentos não são novidade: “Quinta, sexta e sábado é inevitável, há sempre mais pessoas, o fluxo é enorme”.

Dito e feito, em apenas meia hora, centenas de pessoas começaram a fazer o caminho em direção ao miradouro de São Pedro de Alcântara. Foi montado um perímetro de segurança e os conflitos entre agentes de segurança e civis foram inevitáveis.

Às pessoas que passavam era mandado pôr a máscara e despejar as bebidas. “Porque é que tenho de deitar isto fora. Ouve, eu não estou a beber, não interessa, vou descer. Nunca tiveste a minha idade?”, perguntou um homem a esbracejar a um dos agentes da polícia, que respondeu com um acenar de cabeça da esquerda para a direita.

As pessoas reuniam-se à entrada do miradouro e rapidamente seguiam o seu caminho, ou em direção ao Cais do Sodré, ou na direção contrária, ao Príncipe Real. Meia hora depois, o miradouro estava vazio outra vez. “Numa questão de minutos as pessoas vão dispersando. Acabaram de sair do Bairro Alto e estão a despedir-se dos amigos. Esta é uma zona de passagem”, explica Dias.

Centenas de jovens foram impedidos de continuar a festa por um cordão de duas dezenas de agentes da PSP, que bloqueava todas as entradas.

TOMÁS SILVA/OBSERVADOR

Noite em Lisboa num “Admirável Mundo Novo”

A PSP anunciava o fim da ação de fiscalização já depois da meia noite, no Cais do Sodré. De costas voltadas para a estação de comboio, João Dias, o responsável pela Primeira Divisão da PSP (que inclui a 4.ª Esquadra) reconhecia que a ação tinha corrido bem “dentro do possível”.

Mesmo que os estabelecimentos tivessem “praticamente todos encerrados” a partir das 22h30, isso não evitaria um “maior fluxo de pessoas na via pública”, como no miradouro de São Pedro de Alcântara e depois no Príncipe Real. Mas o pior não se concretizou: “Evitamos ajuntamentos em alguns dos pontos mais conhecidos”, enfatizou o responsável da PSP.

“Temos de perceber que é uma noite propício a um maior ajuntamento. O tempo esteve ótimo e trata-se de uma sexta-feira à noite”, explicava o chefe João Dias. “Quase diria como o título do livro: um ‘Admirável Mundo Novo’, dentro da nova normalidade por causa da pandemia”.

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