A ministra da Saúde afirmou esta segunda-feira que os portugueses têm que continuar a seguir regras sanitárias e que o facto de outros não as cumprirem, nomeadamente na final da Liga dos Campeões, não pode servir de álibi. Na mesma ocasião, a ministra indicou que houve um aumento de 450 mil consultas e 40 mil cirurgias, a nível hospitalar, nos primeiros quatro meses do ano, números já próximos dos níveis de 2019, pré-pandemia.

“Tenho a certeza que neste momento já todos os portugueses compreenderam que há um conjunto de regras que temos que continuar a seguir e a circunstância de outros não as cumprirem, não deve ser um álibi para aquilo que gostaríamos de fazer”, disse Marta Temido, que falava aos jornalistas antes de participar na sessão de abertura do Congresso Nacional da Ordem dos Médicos, que decorre em Coimbra.

Questionada sobre o incumprimento das regras durante o fim de semana, na receção da final da Liga dos Campeões, no Porto, a ministra referiu que “houve várias bolhas de segurança e várias circulações aleatórias”, considerando que é importante retirar “as necessárias consequências em termos de saúde pública”, nomeadamente através da testagem das populações mais expostas ao potencial contágio.

Houve momentos da ‘Champions’ que correram dentro daquilo que estava previsto e houve outros momentos que, por força daquilo que também foi a abertura da circulação de nacionais de outros Estados, vieram juntar-se àquilo que era um movimento previsto de deslocação, de acordo com determinadas regras”, acrescentou.

Para Marta Temido, está-se perante aquilo que classificou como um “difícil equilíbrio”.

“Por um lado, a propensão natural das pessoas para terem uma vida o mais normal possível e, por outro lado, a exigência sanitária da qual temos que manter cuidadoso respeito, no sentido de que as máscaras sejam mantidas, o distanciamento seja mantido e as demais regras sejam respeitadas”, frisou.

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De acordo com a ministra, está “nas mãos de cada um” garantir esse equilíbrio.

Questionada sobre se haveria um regresso de público aos estádios nas competições desportivas portuguesas, Marta Temido disse que é preciso “apreciar cuidadosamente” as regras que irão reger o país nos próximos tempos.

A final da Liga dos Campeões, entre Manchester City e Chelsea, decorreu no Porto, no sábado, num jogo com a presença de adeptos ingleses, que durante os últimos dias estiveram aglomerados no centro da cidade, a maioria sem cumprir as regras ditadas pela pandemia de Covid-19, como o uso de máscara e o distanciamento físico.

Ministra diz que consultas e cirurgias já estão próximas de níveis de 2019

Na mesma ocasião, a ministra indicou que houve um aumento de 450 mil consultas e 40 mil cirurgias, a nível hospitalar, nos primeiros quatro meses do ano, números já próximos dos níveis de 2019, pré-pandemia.

“Neste momento de menor pressão sobre os cuidados de saúde, é notória já a recuperação. Nos primeiros quatro meses deste ano, a nível hospitalar, observou-se um aumento de 450 mil consultas e 40 mil cirurgias, face ao período homólogo”, afirmou.

Marta Temido salientou que esse aumento leva a que os níveis já estejam “muito próximos” dos de 2019, antes da pandemia de Covid-19.

Também nos cuidados de saúde primários, há um aumento face a 2020, tendo sido realizadas 12,1 milhões de consultas médicas não urgentes, referiu.

“Precisamos e contamos com todos para continuar este caminho”, frisou a ministra.

A governante destacou ainda a necessidade de recuperar a atividade assistencial, recordando que foram aprovados mecanismos de incentivo financeiro para a realização de atividade assistencial adiada.

Esses incentivos, a nível hospitalar, “já permitiram recuperar mais de 82 mil primeiras consultas e 30 mil cirurgias”, apontou.

Segundo a responsável, esse regime de incentivos foi alargado aos cuidados de saúde primários, que poderá iniciar a sua atividade ao abrigo desse regime no mês de junho.

Durante a sua intervenção, a ministra aproveitou também para elogiar o esforço dos profissionais de saúde, nomeadamente os médicos, assim como da ciência na resposta à pandemia.

Com o tema “A Ciência em Tempo de Pandemia”, o 23.º Congresso Nacional da Ordem dos Médicos reúne, até quinta-feira, em Coimbra, cerca de 1.800 congressistas e mais de 200 oradores em 61 sessões de trabalho.