A OCDE melhorou as projeções para a economia portuguesa, estimando agora um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 3,7% este ano e de 4,9% no próximo, ainda assim abaixo das expetativas do Governo.

“Após uma queda acentuada em 2020, projeta-se que o PIB aumente 3,7% em 2021 e 4,9% em 2022”, pode ler-se no relatório com as previsões económicas mundiais divulgado esta segunda-feira (Economic Outlook) pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).

As previsões da OCDE melhoraram face às publicadas em dezembro, quando a organização estimava um crescimento do PIB português em 1,7% para 2021 e em 1,9% para 2022.

Apesar da revisão em alta, as projeções da OCDE mantêm-se inferiores às do Governo, que estima um crescimento de 4% para 2021 e de 4,9% para 2022, tendo o ministro das Finanças, João Leão, já manifestado, em entrevista à Lusa, a expectativa de chegar aos 5%. Esta segunda-feira, durante a apresentação do programa IVAucher, de estímulo ao consumo, o ministro sublinhou isso mesmo: “Esperamos bater o crescimento económico que tínhamos, de 4% este ano. Esperamos, entre este ano e o próximo, crescer mais de 9% na economia portuguesa, um valor bastante elevado“.

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João Leão disse mesmo que o país está numa “fase de viragem” e que os principais indicadores económicos das últimas semanas “são muito positivos”, com uma recuperação do consumo e da atividade económica. Já em declarações à margem do evento, acrescentou que o país enfrenta uma fase de “forte recuperação“. “Estamos mesmo convencidos de que os números que apresentámos agora no Programa de Estabilidade podem ser superados. Temos uma previsão de crescimento de 4% este ano. A viragem e recuperação da economia portuguesa estão a ser de tal forma robusta que ainda podemos superar este valor. Para o ano, estamos confiantes que vamos continuar a recuperar”, afirmou.

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No relatório, a OCDE destaca o crescimento do consumo, com uma redução gradual da poupança, à medida que a situação sanitária melhora e as medidas de contenção são eliminadas.

“A forte atividade no setor transformador e a absorção de fundos da União Europeia apoiarão o investimento e as exportações”, mas o turismo e os serviços vão recuperar “apenas gradualmente, até que a pandemia esteja totalmente sob controlo”, lê-se no capítulo dedicado a Portugal.

A OCDE diz que a política orçamental deve manter-se favorável até que a recuperação esteja firmemente em andamento, “mas o apoio financeiro deve ser direcionado às empresas em dificuldades que ainda têm perspetivas viáveis”.

“Acelerar a implementação do Plano de Recuperação e Resiliência [PRR], ao mesmo tempo que se promove uma regulamentação favorável à concorrência, ganhos de eficiência nos serviços públicos e investimento verde, será fundamental para uma recuperação forte e sustentável”, sublinha a organização.

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No relatório, a OCDE destaca ainda que o aumento do desemprego, sobretudo entre os jovens e os trabalhadores pouco qualificados, o que exige “o reforço da capacidade dos serviços públicos de emprego para darem apoio na procura de emprego e formação”.

A OCDE prevê que a taxa de desemprego em Portugal seja de 7,4% este ano (contra 6,8% em 2020) e desça para 7% em 2022.

Quanto a previsões para a economia portuguesa de outras organizações, o Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê um crescimento do PIB português em 3,9% em 2021 e em 4,8% em 2022, enquanto a Comissão Europeia estima 3,9% e 5,1%, respetivamente.