Rui Moreira considera que Fernando Medina não deve abandonar a câmara de Lisboa por causa da partilha indevida de dados de ativistas russos anti-Putin com a embaixada da Rússia. “Não acho que o dr. Fernando Medina se deva demitir por isto, a não ser que o dr. Fernando Medina sinta intimamente que foi responsável por aquilo que foi praticado pela Câmara Municipal de Lisboa”, afirmou o presidente da Câmara Municipal do Porto, em entrevista à TVI24. “Qualquer dia, por esse princípio, toda a gente, mais ou menos, seria demitido”. 

O autarca do Porto questiona mesmo os que pedem a saída do presidente da Câmara Municipal de Lisboa se “estão preparados para se demitirem” a primeira vez que “um funcionário que deles dependa cometer um erro”.

Rui Moreira entende que “as coisas correram mal” neste caso e “houve erros que foram cometidos”, mas sublinha que “um presidente de câmara não pode acompanhar tudo o que se passa num município, é absolutamente impossível”.

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“É preciso separar a preocupação legítima, que eu também partilho, de que isto tenha sucedido mal, de um processo de intenções, como se alguém — fosse o dr. António Costa no passado ou o dr. Fernando Medina agora — tivessem praticado atos de delação relativamente a estas pessoas”.

O autarca portuense entende que o presidente da câmara de Lisboa é “uma pessoa à prova de qualquer suspeita”: “Ninguém pode dizer que o presidente Fernando Medina seria capaz de ser um delator. Seria uma coisa absolutamente impensável”.

Rui Moreira entende ainda que já foram assumidas responsabilidades políticas: “Aconteceu, eu vi o dr. Fernando Medina na televisão fazer uma declaração muito ponderada, em que pediu desculpa. O dr. Fernando Medina deu a cara por atos que foram praticados naquilo em que ele está no topo da pirâmide”.

Medina pede “desculpa”. “Erro lamentável e que não poderia ter acontecido”

“Errar é humano, mas temos é de ter a certeza de que não houve má intenção. E tenho a minha convicção de que quer o dr. António Costa quer o dr. Fernando Medina nunca fariam coisas destas intencionalmente”, afirmou Rui Moreira.

No Porto, o autarca garante que nunca aconteceria, porque a Câmara Municipal do Porto “delegou na Polícia Municipal a competência para proceder à notificação das manifestações”.

A única entidade a quem a Polícia Municipal dá informações “é à PSP e fá-lo no quadro da lei em vigor” e, portanto, “isto que sucedeu em Lisboa, no Porto não teria sucedido, e não sucedeu”, garante Rui Moreira.

Fernando Medina ordenou auditoria para saber se, no passado, houve mais casos de partilha indevida de dados de manifestantes