João Moutinho tornou-se, neste Euro 2020, um dos principais porta-vozes da Seleção Nacional. Graças à experiência, à forma consistente como olha para o jogo e ao facto de já ter sido internacional português em diversas fases finais de grandes competições, o médio do Wolverhampton surge como uma escolha óbvia na hora de eleger um jogador para falar nos dias mais importantes. Foi Moutinho quem falou na passada segunda-feira, depois da derrota contra a Alemanha e antes da partida com a França. E voltou a ser Moutinho a falar este sábado, na antecâmara do encontro dos oitavos de final contra a Bélgica.

O jogador de 34 anos começou por reconhecer que os belgas são uma equipa “muito coesa”. “Mostraram isso na fase de grupos mas vamos tentar impor o nosso jogo e os nossos pontos fortes, aproveitando algumas brechas que possam ter”, explicou, comentando depois o facto de Portugal ter menos 48 horas de descanso do que o adversário, por ter cumprido o último jogo da fase de grupos dois dias depois. “Para mim, isso não pode ter peso. São mais dois dias mas tivemos quatro para chegar ao jogo. Aconteceu no Euro 2016 e mostrámos que conseguimos recuperar bem. É descansar bem e treinar bem, para estar a 100%”, afirmou.

“Não é uma final antecipada, é mais uma final”, garante João Moutinho, que diz que “a azia vai passando” depois da derrota com a Alemanha

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João Moutinho foi suplente utilizado contra a Hungria e contra a Alemanha e acabou por subir à titularidade contra França, tendo realizado uma exibição positiva no centro do terreno. Sobre a eventualidade de começar novamente de início contra a Bélgica, o médio atira a responsabilidade para Fernando Santos. “Se o mister achar que sou o jogador com as características certas para fazer frente à Bélgica, é isso que vou fazer. Tentar impor a minha experiência e o ritmo de jogo que mais nos interessa. Estou disponível para dar o meu melhor. É isso que todos queremos fazer, para ajudarmos a Seleção a atingir os seus objetivos”, indicou, comentando depois a importância de Kevin De Bruyne na seleção belga.

“Não é só o Kevin De Bruyne. Se tiver espaço para executar é ainda mais perigoso. Mas todos eles, se tiverem espaço, farão o seu jogo de forma tranquila. E isso vai dificultar ainda mais o nosso trabalho. O Kevin é muito competente, temos de estar atentos mas não podemos focar-nos apenas num jogador. Isso iria libertar os outros e seria ainda pior. Como equipa, vamos tentar minimizar os pontos fortes deles e colocar os nossos em prática”, disse Moutinho.

O jogador do Wolverhampton falou ainda sobre Tielemans, com quem jogou no Mónaco, e Dendoncker, com quem joga no clube inglês — “dois excelentes jogadores e duas excelentes pessoas”, referiu, que podem “fazer algo de que não se está à espera”. Sobre Lukaku, que disse que Cristiano Ronaldo gostaria de ter a sua força, João Moutinho mostrou-se bem disposto e lembrou que o belga e o português têm “características diferentes”. “Se fosse comigo, acho que sim, devido à minha estatura. O Ronaldo e o Lukaku são jogadores formados. Podem melhorar mais um aspeto ou outro mas têm características diferentes. O Ronaldo já demonstrou que têm uma grande capacidade, seja de pé direito, de pé esquerdo, etc. Vamos tentar fazer o nosso jogo e esperar que o Cristiano nos possa ajudar com as suas características”, ressalvou.

Por fim, Moutinho sublinhou ainda o apoio dos adeptos na antecâmara de uma partida que deve contar com cerca de 2.000 a 2.500 portugueses nas bancadas do Estádio de La Cartuja, em Sevilha. “Têm sido extraordinários. Desde que chegámos a Budapeste e aqui será o mesmo. Queremos ganhar por eles. Vamos entrar com ambição e com muita vontade, para lhes dar essa alegria e passar”, terminou.