Pep Guardiola nunca teve grandes problemas na hora de dizer o que achava sobre colegas de profissão, sobre jogadores, sobre a forma como os campeonatos são geridos, sobre outros clubes ou até sobre questões mais sensíveis do panorama internacional, como a independência da Catalunha ou a crise dos refugiados na Europa. Desta feita, o alvo do treinador do Manchester City foi Javier Tebas, o presidente da liga espanhola. 

Numa entrevista à TV3, Guardiola defendeu o modelo de gestão da Premier League, o campeonato onde está desde 2016, e considerou que a liga espanhola devia tomá-la como exemplo. “Existe uma gestão melhor, como se vê também na Ásia. O senhor Tebas tem de aprender com o que se faz ali. Se assim o fizer, os seus produtos poderiam vender-se melhor noutros países. As pessoas queixam-se mas, graças a estes investimentos, outros clubes de outros países podem continuar a desenvolver-se”, atirou o técnico, respaldando as apostas de magnatas árabes ou de qualquer outra nacionalidade em clubes ingleses, como acontece com o Manchester City, com o Chelsea ou o Liverpool.

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“O senhor Tebas tem de aprender, porque sabe mais do que todos, porque é o mais sábio de todos e porque se mete na casa dos outros. Se aprender, talvez o Barcelona, o Real Madrid, o Atl. Madrid e o Valencia tenham mais recursos para fazer os investimentos que fazem falta. Se o Tebas vendesse melhor o produto não seria mais fácil para o Barcelona manter o Messi? Ele é que faz tudo bem, o problema são sempre os outros países e os outros clubes”, acrescentou Guardiola, que teve uma parceria de sucesso com o jogador argentino enquanto foi treinador dos catalães, tendo conquistado duas Ligas dos Campeões, três campeonatos, duas Supertaças Europeias e dois Mundiais de Clubes, entre outros troféus.

Para encerrar o assunto, o técnico de 50 anos deixou ainda a ideia de que “talvez o futebol seja o único negócio em que as pessoas que querem investir são mal vistas”. “Não entendo por que motivo isto tem repercussão noutros clubes em todos o mundo. Qual é o problema de Manchester United, Chelsea ou Liverpool quererem investir? Clubes como o nosso não querem nenhum benefício, apenas querem reinvestir para que o clube possa continuar a crescer para os adeptos. Há um controlo da UEFA, com o fairplay financeiro”, afirmou.

Por fim, na entrevista, Pep Guardiola ainda fez uma breve análise ao Euro 2020. “Os quatro semifinalistas são muito bons. Itália é um exemplo e Espanha também, querem jogar desde trás. Estou imensamente feliz pelo Luis Enrique, por tudo o que está a fazer. A Dinamarca joga muito bem e Inglaterra tem um talento imenso do meio-campo para cima para os próximos 10 anos”, disse o treinador, que na próxima época vai tentar revalidar o título de campeão inglês e perseguir novamente a Liga dos Campeões, que deixou escapar na final do Dragão para o Chelsea.