As afirmações chegam do Brasil. É preciso esperar pela ciência para decidir se uma terceira dose da vacina da Pfizer deve ser administrada, ou não. As declarações são do coordenador do ensaio clínico do medicamento no Brasil, Cristiano Zerbini, à CNN.

Com mais de 10 mil voluntários, a Pfizer arranca esta segunda-feira com um estudo sobre aquilo que Cristiano Zerbini apelidou de “dose de reforço” e que, na prática, é uma terceira dose.

Os voluntários são de vários países e, no Brasil, 885 pessoas ofereceram-se para participar. Todos eles tomaram a segunda dose da vacina há mais de 6 meses. Segundo Zerbini, este ensaio — que acompanhará os voluntários durante um ano — irá determinar se há necessidade de mais uma dose da vacina da Pfizer ou se duas garantem imunidade suficiente.

No espaço de dois meses, o investigador espera ter as primeiras conclusões científicas sobre o reforço à imunização que a terceira dose ofereceu aos voluntários até então. Antes disso, ao fim de três semanas, está previsto publicar um primeiro artigo sobre o estudo no “New England Journal of Medicine”.

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O ensaio clínico irá continuar a estudar os efeitos das três doses ao longo de 365 dias.

Pfizer quer aprovar terceira dose da vacina para aumentar imunidade

Até à data, segundo Zerbini, o que os estudos demonstram é que 11 dias depois de administrada a primeira dose da vacina da Pfizer há uma proteção de 92% contra a doença. Depois da segunda dose, passados 7 dias, a proteção contra a Covid-19 sobe e fica entre os 95% e os 100%.

No entanto, seis meses depois de tomada a primeira dose, o cenário muda. “Embora para alguns grupos de pessoas a proteção continuasse nos 100%, em alguns grupos, principalmente na América Latina, Brasil e Argentina, notamos que a proteção diminuiu para 86%”, explicou o investigador. Ou seja, esclareceu, há uma diminuição de 6% da efetividade da vacina a cada 2 meses.

No início de julho, a Pfizer anunciou que vai tentar conseguir a aprovação do regulador norte-americano para a administração de uma terceira dose da vacina, já que acredita que ela poderia reforçar a imunidade contra a infeção pelo SARS-CoV-2.

“Em agosto, a Pfizer planeia pedir à Food and Drug Administration (FDA) uma autorização de emergência para uma terceira dose”, avançou um investigador daquela farmacêutica, Mikael Dolsten, citado pela agência AP. Na altura, a decisão baseava-se num primeiro estudo que demonstrava que os níveis de anticorpos aumentavam de 5 para 10 vezes após uma terceira dose, em comparação com a segunda.

Pouco dias depois, os especialistas norte-americanos que se reuniram com a Pfizer afirmavam ser necessário recolher mais dados científicos que sustentem a necessidade e eficácia de uma terceira dose.

Especialistas norte-americanos respondem à Pfizer: são precisos mais dados para avançar com a terceira dose

Sobre este assunto, a FDA (Food and Drug Administration ) e o CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças) acabariam por lançar um comunicado conjunto em que defendiam uma dose de reforço da vacina não é necessária, poucas horas depois de a Pfizer ter anunciado que ia pedir a aprovação. “Os americanos que foram totalmente vacinados não precisam de uma injeção de reforço neste momento”, garantiram nesse documento oficial.