Ativistas do movimento ambiental Climáximo apresentaram uma queixa-crime ao Ministério Público contra a PSP. Em causa estão as revistas consideradas “abusivas” a que 26 pessoas detidas numa manifestação no final de maio foram sujeitas na esquadra dos Olivais. Algumas mulheres que foram detidas terão sido obrigadas a despir-se totalmente, ao contrário do que se sucedeu com os homens, segundo avança este grupo de ativistas pelo combate às alterações climáticas num comunicado emitido esta terça-feira.

As pessoas detidas foram alvo de revistas injustificadas, tendo as mulheres sido forçadas à nudez (nalguns casos, sem roupa interior), e algumas sido obrigadas a agachar-se para provar que
não constituíam uma ameaça”, lê-se no comunicado.

Os 26 ativistas foram detidos durante uma manifestação no dia 22 de maio em defesa do ambiente, a ação “Em Chamas”. Cerca de 200 pessoas barraram o acesso à rotunda do Relógio, em Lisboa, e algumas tiveram de ser retiradas à força e levadas para a esquadra dos Olivais. Num comunicado publicado nas redes sociais dias depois, o Climáximo explicava que ” as mulheres foram forçadas à nudez”, mas “o grupo masculino experienciou uma mera revista superficial, que se expressou no tateamento por cima da sua roupa”, acusando assim a polícia de ” tratamento diferenciado”.

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Posted by Climáximo on Wednesday, June 2, 2021

Já a PSP sempre negou o que foi relatado à organização ambientalista. Em declarações ao Expresso, fonte do Comando Metropolitano de Lisboa da PSP garantiu que “a polícia limitou-se a fazer os procedimentos de segurança legalmente admissíveis“. Sobre a suposta obrigação das mulheres, a mesma fonte disse apenas que é “absurdo” e “inverosímil”.

Certo é que o Ministério Público terá agora uma queixa-crime para analisar. Inês Teles, ativista do Climáximo, defende no comunicado que “a repressão por parte da polícia, bem como as práticas de intimidação, discriminação e humilhação a que as ativistas foram expostas, constituem uma forma clara de conivência para com as estratégias do Governo, que procura a todo o custo contornar, desvalorizar e até mesmo negar a emergência climática”. E diz não compreender o contraste de “uma ação não violenta das ativistas e a violência a que a polícia submeteu os seus corpos“.

Entretanto, sete associações e organizações feministas (A Coletiva, Feministas Em Movimento, Feminismos sobre Rodas, Marcha Mundial das Mulheres, Mulheres pelo Direito à Habitação, Por todas nós e UMAR) juntaram-se ao Climáximo para apresentar a queixa-crime, avança ainda o comunicado.

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