A capital afegã, Cabul, voltou esta terça-feira, duas horas depois, a ser abalada por uma nova forte explosão, seguida por fogo pesado com armas automáticas, reporta a agência noticiosa France-Presse (AFP).

Desconhecem-se, para já, mais pormenores.

A primeira explosão ocorreu cerca das 20h00 locais (16h30 em Lisboa) no bairro nobre de Sherpur, na capital afegã, onde residem vários altos funcionários do Governo do Afeganistão, e próximo da residência do ministro da Defesa do Afeganistão, Bismillah Khan Mohammadi, que terá saído ileso, tendo provocado, segundo fontes oficiais, pelo menos dez feridos.

Desde então que têm sido ouvidas várias explosões, de menor intensidade, até que ocorreu uma segunda forte explosão, num local ainda por determinar, no meio de muitas informações contraditórias.

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Após a primeira explosão, e depois de relatos iniciais de se terem seguido tiros apenas esporádicos, a agência de notícias espanhola EFE reportou que os combates prosseguem no local da explosão.

O ex-vice-Presidente afegão, Mhammad Younus Qanuni, membro do partido a que pertence Bismillah, indicou num comunicado que ocorreu um “incidente de segurança” na residência do ministro da Defesa afegão.

“[Bismillah] estava comigo [noutro lugar] durante o incidente. Os familiares do ministro também foram retirados da residência”, referiu Qanuni.

Apesar de ainda se desconhecer a natureza da explosão, várias fontes não oficiais asseguraram que se tratou de uma explosão de um carro armadilhado.

O porta-voz do Ministério da Saúde Pública afegão, Ghulam Dastagir Nazari, sublinhou à EFE que as ambulâncias transportaram pelo menos dez feridos, “que se encontram fora de perigo”.

“Mas, face aos combates que decorrem no local da explosão, as ambulâncias não podem lá chegar. Acreditamos que o número de vítimas seja maior. Os combates ainda continuam na área”, acrescentou Nazari.

Por seu lado, o porta-voz da polícia de Cabul, Firdaws Faramarz, garantiu, ainda à EFE, que as forças especiais afegãs já chegaram à zona.

Nos últimos três meses os talibãs assumiram o controlo de vastas zonas rurais do Afeganistão durante uma ofensiva-relâmpago e que coincidiu com o início da retirada internacional, nomeadamente das tropas norte-americanas.

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As forças afegãs opuseram uma fraca resistência e apenas controlam as capitais provinciais, que tentam defender a todo o custo. Os combates também alastram por Helmand, bastião talibã e palco de alguns dos combates mais intensos dos 20 anos de intervenção internacional, e a província mais mortífera para a NATO.

A queda de uma primeira capital provincial teria um impacto estratégico e psicológico desastroso para Cabul e o seu exército, e reforçaria as dúvidas sobre a sua capacidade em impedir os talibãs de assumir de novo o poder na capital.

Numa altura em que se aproxima a retirada total dos Estados Unidos, já se verificam combates urbanos entre forças afegãs e talibãs em Lashkar Gah, uma das três capitais de província afegãs sob ameaça direta dos talibãs, que já confrontam também as forças afegãs nos subúrbios de Kandahar e Herat, as cidades mais populosas do país, depois de Cabul.