O Presidente russo, Vladimir Putin, ordenou esta terça-feira um aumento dos meios para combater os incêndios na região siberiana de Yakutia, onde a situação continua a agravar-se após terem ardido 8,68 milhões de hectares de floresta.

“O ministro da Defesa Civil, Emergências e Alívio de Catástrofes Naturais, Yevgeny Zinichev, foi instruído para expandir as capacidades de combate a incêndios e intensificar os esforços de combate aéreo” na Sibéria, anunciou o Kremlin num comunicado.

Putin pediu também que os funcionários da região apresentem “propostas sobre medidas adicionais de apoio às pessoas afetadas” pelos incêndios.

Atualmente, mais de 4.200 bombeiros estão destacados para controlar os incêndios na Sibéria, de acordo com o gabinete local do ministério.

Não foram ainda reveladas as medidas adicionais resultantes das instruções do Presidente ao governo.

O Serviço Federal de Hidrometeorologia e Monitorização Ambiental russo (Rosguidromet) admitiu esta terça-feira que a situação “continua a ser a mais difícil”.

Incêndios florestais na Sibéria agravam-se e fumo chega ao Polo Norte

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Segundo a Agência Federal de Proteção das Florestas, já arderam cerca de 8,68 milhões de hectares de floresta.

A agência espacial norte-americana, NASA, anunciou que o fumo dos incêndios em Yakutia viajou mais de 3.000 quilómetros e chegou ao polo Norte, uma situação que não tinha sido documentada anteriormente.

Segundo a NASA, “fumo espesso dos incêndios florestais cobriu a maior parte da Rússia em 6 de agosto”, uma situação que foi fotografada por satélites.

Durante uma visita a Yakutia no final de julho, os bombeiros e as autoridades locais disseram à AFP que não dispunham de mão-de-obra, equipamento e outros recursos para lidar com a escala dos incêndios.

Os ambientalistas têm questionado a política de incêndios florestais da Rússia, incluindo um decreto governamental de 2015 que permite às autoridades locais ignorar os incêndios se o custo da sua extinção exceder os danos estimados.

Embora seja difícil ligar qualquer incêndio específico às alterações climáticas, estes desastres têm-se multiplicado e os cientistas russos consideram que os incêndios atuais são uma consequência do aumento da temperatura global.

Os peritos em clima da ONU divulgaram um relatório, na segunda-feira, em que afirmam que a Humanidade é indiscutivelmente responsável pelas alterações climáticas e não tem outra escolha senão reduzir drasticamente as emissões de gases com efeito de estufa se quiser limitar os danos.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, considerou que o relatório é um “alerta vermelho para a humanidade”.