Enquanto os Jogos Paralímpicos de Tóquio estavam prestes a iniciar-se, na última semana de agosto, começavam em Moscovo os Jogos Militares Internacionais, uma competição não tão noticiada pelos países ocidentais e que tem a particularidade de envolver o equipamento militar de cada um dos países envolvidos. O evento decorreu ao longo de 14 dias e contou com 5 mil participantes organizados em 277 equipas de 11 países diferentes, entre a Rússia, China, Azerbaijão e Bielorrússia.

O evento que põe em jogo países rivais, como China e Índia, tem por base os princípios do espírito desportivo mas as competições em si são deveras peculiares, como é o caso de avaliar quem atira mísseis para mais longe, como constatou o El Mundo. Nestas provas, os jogos estão exclusivamente relacionadas com equipamentos ou situações de guerra. Por exemplo, o biatlo com tanques T-72 é uma das mais famosas, na qual os competidores têm de disparar contra alvos em movimento, enquanto conduzem os tanques num percurso circular de obstáculos de cinco quilómetros. Outro exemplo inclui um percurso de 116 quilómetros, rumo ao Monte Elbrus, na cordilheira do Cáucaso, a 5.642 metros de altura, que dura os catorze dias do evento, e que pelo meio inclui provas de escalada e de tiro contra alvos invisíveis.

Os exércitos que mais medalhas arrecadaram neste ano de 2021 foram os da China e da Índia. Em 2019 o evento decorreu em Whuan, precisamente o local onde há mais de um ano foi detetado o surto do novo coronavírus. Tanto a China como a Índia contam com a vantagem de ter nas provas os comandos que patrulham as fronteiras nos Himalaias, habituados a treinar em grandes altitudes e com pouco oxigénio.

Esta competição foi criado pelo Ministério da Defesa russa quando, em 2015, após uma série de atritos com a NATO sobre a adesão da Crimeia, a Rúsia convocou os seus aliados para “mostrar ao mundo” o seu “poderio militar”, nas palavras do Presidente Putin. Os Estados Unidos e os restantes membros da organização recusaram participar, assim como os aliados Coreia do Sul e Japão, que ainda agora recusam participar nos jogos que não são mais do que uma demonstração de força de cada país. Foram também convidados países africanos como Argélia, Egito e Mali, segundo conta o ElMundo.

No decorrer de duas semanas, as 34 provas dos Jogos Militares decorreram em vários locais como por exemplo o Cáucaso, a região chinesa de Xinjiang e os desertos do Irão e do Uzbequistão.

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