Depois de sucessivos adiamentos de anúncio do novo governo, os talibãs anunciaram esta terça-feira que o mullah Muhammad Hassan Akhund assumirá o papel de primeiro-ministro do Afeganistão, avança a CNN. O mullah Abdul Ghani Baradar, cofundador e número dois do movimento talibã, foi nomeado vice-primeiro-ministro do país.

Em conferência de imprensa esta tarde, o porta-voz dos talibãs, Zabihullah Mujahid, anunciou também que o mullah Mohammad Yaqoob, filho do fundador dos talibãs Muamad Omar, que morreu em 2013, assumirá o papel de ministro da Defesa. Já Sirajuddin Haqqani foi nomeado ministro do Interior — o seu paradeiro vale 4,2 milhões de euros, é este o dinheiro que os Estados Unidos, através do FBI, estão dispostos a pagar a quem fornecer informações que conduzam “diretamente” à detenção do homem por trás de ataques contra as forças norte-americanas na fronteira entre o Afeganistão e o Paquistão.

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O porta-voz do grupo reiterou que os nomes anunciados faziam parte de um “governo interino” e que os talibãs vão “tentar levar pessoas de outras partes do país”, cita a Al Jazeera.

Os cinco homens por trás do poder talibã no Afeganistão

Os talibãs tinham adiado no sábado, novamente, o anúncio do seu governo. Quase três semanas após o retorno ao poder do grupo fundamentalista, tanto a população afegã como a comunidade internacional continuavam à espera que fosse anunciado quem iria governar em Cabul.

O anúncio do governo interino acontece um dia depois de os talibãs anunciarem o controlo do vale de Panshir, a única região do Afeganistão onde ainda havia resistência depois de duas semanas de confrontos com os oponentes. Apesar disso, o grupo que tem estado a combater o movimento em Panshir, a Frente de Resistência Nacional (NRF), garantiu que a “resistência” aos talibãs “ainda está por todo o vale” negando que os talibãs controlem todo o território afegão.

Não é ainda claro que papel assumirá o mullah Haibatullah Akhundzada, o atual líder talibã, que não tem sido visto ou ouvido em público desde o início da tomada de poder talibã de Cabul no início de agosto.

O grupo tinha prometido há semanas que teria um “governo inclusivo”, onde até mulheres seriam integradas, mas até ao momento nenhuma foi nomeada e dificilmente, diz a Al Jazeera, mulheres virão a ocupar cargos de topo no quadro governativo.