Cuidadoras brasileiras de idosos em Portugal vão realizar uma manifestação no próximo sábado, no Porto, contra os “falsos recibos verdes” e exigindo condições dignas de trabalho, visando criar uma associação representativa que avance com uma queixa coletiva.

Em declarações à Lusa, a líder do movimento, Tânia Brunello, que vive há dois anos em Portugal, disse que no sábado, após a manifestação, vão recolher nomes “para entrar com uma ação por falsos recibos verdes na ACT” (Autoridade para as Condições de Trabalho)

Das queixas particulares até agora apresentadas junto daquela entidade não tiveram qualquer eco.

Segundo Tânia Brunello “são milhares de mulheres espalhadas por todo o Portugal (…) cuidadoras, auxiliares de geriatria e ação direta” que “me procuravam, pedindo socorro, ajuda, muitas em depressão”, problemas acentuados com a pandemia.

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“No meu caso, fiquei entre a vida e a morte e não tive assistência nenhuma, depois de ter contraído Covid-19”, relatou à Lusa a líder do movimento, que começou a discutir a precariedade laboral das imigrantes.

“Fomos informadas de que um processo único, coletivo, teria mais ênfase” afirmou a imigrante brasileira.

A manifestação de sábado tem início em frente à estação de comboios da Campanhã, no Porto, e constitui um primeiro passo de muitos outros que pretendem levar a cabo, explicou Tânia Brunello.

As cuidadoras querem criar também um sindicato, mas como este pode ser um processo mais lento, têm, para já, “tudo preparado” para avançar mais rapidamente com uma associação.

Por isso, um comité de três pessoas tem trabalhado para reunir outras mulheres, “em prol de uma manifestação”, adiantou.

Além disso, a “associação vai existir. É a associação CCI – Comité de Cuidadoras de Idosos, que faz parte do nosso movimento intitulado ‘Força’, (..) os estatutos já estão prontos, a mesa diretoria também, para fazer a primeira assembleia-geral, mas ainda não foi legalmente criada”, sublinhou.

A regularização da situação laboral das funcionárias é também uma forma de apoiar os utentes dos cuidados.

“Estamos reivindicando direitos e questões de suma importância, manifestando nossa preocupação, tristeza e angústia diante de situações desconfortáveis. Temos vivido por anos seguidos: maus-tratos, violência emocional e até mesmo violência física” referem numa nota enviada à Lusa, as mulheres que estão incluídas no movimento.

Segundo as trabalhadoras, estas situações acontecem há vários anos, “seja em domicílios privados, lares, casas de acolhimento e, principalmente, em empresas privadas prestadoras de apoio domiciliário”.

A ação de protesto, agendada para as 16h00, está “protocolada na câmara municipal do Porto”, sublinham.