Os eleitores da Califórnia decidiram esta terça-feira que o Governador democrata, Gavin Newsom, vai continuar a liderar o destino do estado mais populoso dos EUA, depois de uma tentativa dos republicanos de o afastarem do cargo justificando a eleição pela sua má gestão da pandemia. As sondagens já lhe davam a vitória confortável nesta votação rara, mas os resultados estão à vista para já com mais de 60% dos eleitores a votar “Não” à sua saída.

“Com humildade, estou grato aos milhões e milhões de californianos que exerceram seu direito fundamental de voto”, disse Newsom no discurso de vitória em Sacramento, citado pela CNN. No seu discurso, Gavin Newsom descreveu a democracia como “um vaso antigo”, que se pode deixar cair e partir-se em milhares de pedaços se não souberem “levantar-se para enfrentar o momento e recuar”, disse.

“Eu disse isto muitas, muitas vezes na minha campanha. Podemos ter derrotado Trump, mas o Trumpismo não está morto neste país”, continuou o governador numa clara referência à tentativa dos republicanos terem avançado com a eleição para que Newsom saísse do cargo.

Esta liderança foi construída com base nos votos emitidos por correio e antes da votação presencial de terça-feira, embora seja provável que diminua um pouco nos próximos dias à medida que os votos nos locais de votação são contados, a vantagem de Newsom será intransponível. O democrata está atualmente no terceiro ano do seu mandato de quatro anos, e teve o apoio tanto do presidente Joe Biden como da vice Kamala Harris.

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O apresentador de rádio conservador Larry Elder, principal rival de Gavin Newsom e que liderou uma lista de 46 candidatos ao lugar do governador, afirmou que a votação tinha sido manipulada antes mesmo da abertura das urnas. “Vamos ser graciosos na derrota”, disse Elder num salão perante vários apoiantes republicanos, aqui citado pelo New York Times. “Podemos ter perdido a batalha, mas vamos ganhar a guerra”.

O resultado tem sido acompanhado de perto como um sinal de alerta para as eleições intercalares de 2022, alerta a BBC.

No início do dia de terça-feira, Newsom já levava uma vantagem de 60% contra 38,5% nas sondagens, citadas pela agência Reuters. Este tipo de eleição — para referendar a permanência do Governador — não acontecia na Califórnia há duas décadas, tendo sido apenas a segunda vez que se verifica, apesar das 55 tentativas para esse efeito ao longo dos anos, lembra a agência Reuters. Para conseguir que esta eleição especial se realize é necessário um número de assinaturas que seja equivalente a 12% dos votos da mais recente eleição para governador, o que significa 1,4 milhões de assinaturas.

Futuro do governador da Califórnia vai a votos em eleição especial

Estas vêm sobretudo de apoiantes de Trump que não toleram as políticas seguidas no que diz respeito aos direitos LGBTQ, imigração, crime e, sobretudo, em relação às medidas de combate à Covid-19. O estado da Califórnia tem uma das mais altas taxas de vacinação do país e uma das mais baixas taxas de novos casos de infeção, argumentos também reclamados por Newsom por ter partido dele a insistência no plano de vacinação e do uso de máscara no estado.

“O ’Não’ não é a única coisa que foi expressa esta noite”, disse, citado pela AP. “Quero concentrar-me naquilo a que dissemos ‘Sim’ enquanto Estado: dissemos sim à ciência, dissemos sim às vacinas, dissemos sim ao fim desta pandemia.”