Um empate em Alvalade frente ao campeão nacional Sporting, para a I Liga, e um empate no Wanda Metropolitano, contra o Atlético Madrid, para a Liga dos Campeões. Para o FC Porto dois empates seguidos não são resultados bons, mas, tendo em conta as equipas e os estádios referidos, serão talvez “menos maus”. Relativamente à Champions há ainda algo a acrescentar sobre a equipa de Sérgio Conceição: na temporada transata, nos jogos na “ressaca” da liga milionária, os dragões ganharam nove e perderam um. Mesmo assim, o treinador dos azuis e brancos admitiu que não é fácil mudar o “chip” entre competições.  “Tem-se falado muito, mas não é um problema de Portugal ou do FC Porto. Acho que há uma coisa que tem de ser inegociável, que é a atitude competitiva, independentemente do jogo, do estádio, de quem quer que possamos defrontar. Mas é um facto que as equipas no pós-Champions têm alguma dificuldade, não só em Portugal, em toda a Europa”, começou por dizer o técnico portista.

No entanto, explicou Conceição, que se olha “mais para essa despesa física que os jogadores têm no jogo, mas muitas vezes é mais a nível emocional. Sair de um jogo de mediatismo grandíssimo e depois ter de entrar, por vezes, em jogos em que os jogadores podem desvalorizar o adversário. Não há perigo maior do que esse e, por isso, é que depois há dissabores”. “Alertei para isso no balneário ainda hoje [sábado] de manhã. Ser-se competitivo é sempre, não só às vezes, ser-se ambicioso e determinado é diariamente. Para mim é inegociável”, garantiu. E as estatísticas para o jogo deste domingo davam a entender que a tendência era para esses bons resultados pós Champions se manterem. É que em 12 jogos o Moreirense nunca havia pontuado no Estádio do Dragão. Foram 12 derrotas. Além disto, nas últimas oito receções à equipa de Moreira de Cónegos, o FC Porto marcou sempre três ou mais golos. E os portistas não perdiam para a I Liga há 33 jogos, estava invicto esta época (seis jogos) e o Moreirense não tinha vitórias para a I Liga, somando duas derrotas e três empates.

E se Sérgio Conceição alertara que o “Moreirense nos resultados não reflete a qualidade da sua equipa, jogadores e treinadores”, João Henriques, técnico do Moreirense, pretendia algo inédito. “Temos o hábito de dificultar a vida aos grandes. É isso que pretendemos. O histórico do Moreirense não é nada positivo. Nunca conseguiu sequer pontuar no Dragão, mas há sempre uma primeira vez para tudo e vamos com esse intuito de ganhar os três pontos. Isso é imperativo em todas as jornadas, mesmo sabendo que neste jogo 100% da responsabilidade é do adversário”, disse. Além disso, João Henriques afirmou que mesmo que Sérgio Conceição mexesse na equipa, visto ter jogado há apenas quatro dias, esta ficaria “muito forte”. “Para nós, é mais uma possibilidade de somar a primeira vitória. Não vamos descurar isso, sabendo de antemão que temos pela frente um FC Porto muito forte em casa contra qualquer adversário. Não fugiremos à regra, mas temos condições para ser competitivos durante 90 minutos”, garantiu.

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E, tal como era previsto, Sérgio Conceição mexeu na equipa, promovendo estreias, como Wendell a defender pela esquerda e Fábio Vieira e Vitinha do meio-campo para a frente (bom jogo de ambos). Se juntarmos a estes dois jovens as habituais titularidades de Diogo Costa na baliza e João Mário na ala direita, temos a primeira vez que quatro jogadores que venceram a Youth League pelo FC Porto jogam de início ao mesmo tempo. Daí que, visto não serem titulares habituais, e ainda com as ausências de Pepe por lesão e Toni Martínez por castigo, a equipa azul e branca tenha demorado um pouco a carburar. Acabou por dominar a posse de bola? Claro, mais de 60% ao intervalo, nem se esperava outra coisa. Se começou a criar perigo de forma desmedida? Não. Mesmo com as boas iniciativas dos jovens titulares ou do inevitável Luis Díaz, que continua numa grande forma. No entanto, e já à entrada dos últimos 10′ da primeira, o golo acabaria por chegar, mas de bola parada. E da “melhor” que pode haver. Paulinho derrubou Taremi na cara do golo e o iraniano, chamado a bater a grande penalidade, fez o 1-0 para gáudio do público que esta tarde marcou presença no Dragão. Em cima do intervalo o Moreirense criou verdadeiramente perigo na única vez que, apesar de uma boa entrada em jogo, conseguiu uma jogada com princípio, meio, mas sem fim, visto não ter dado golo.

Sem jogar mal, o Moreirense vinha para o segundo tempo com a esperança de entrar no jogo, dada a primeira parte ter deixado a ideia de que a equipa de Moreira de Cónegos podia tentar algo mais em saídas rápidas, mas subitamente o FC Porto fez o 2-0. Pasinato chutou de forma deficiente uma bola, Fábio Vieira, atento, roubou a bola e serviu Luis Díaz, o homem golo, o “homem tudo” desta época. A equipa da casa não fazia um jogo fantástico, mas mais do que suficiente para a vantagem não ser questionável. Quando se concretizam oportunidades de golo e se é eficaz no futebol não há muito mais a dizer, portanto, por volta da hora de jogo, tudo certo no Estádio do Dragão, com a equipa de Sérgio Conceição a revelar, acima de tudo, um controlo emocional e, jogando melhor ou pior, um bom índice de competição. Aos 66′, mais um sprint louco de Luis Díaz, que tinha cortado a bola na sua área, e mais uma assistência de Fábio Vieira, com o colombiano a fazer o 3-0 e o seu quinto golo na I Liga. O Moreirense sofre golo depois de subir os centrais para aqueles já clássicos lançamentos de linha lateral “bola na área”.

Com menos de meia hora para jogar o Moreirense percebeu que ia somar a 13.ª derrota em 13 jogos no Estádio do Dragão e a equipa abanou muito com o 3-0. Não teve muito tempo para pensar nisso, porque após um remate de Vitinha, Pasinato facilitou e “deu” o 4-0 a Taremi, que acabou por marcar, com muita, muita classe, picando a bola por cima do guarda-redes do Moreirense. Pouco depois, Sérgio Conceição começou a gerir a equipa, com destaque para a saída de Luis Díaz aos 75′, para uma ovação dos 14 mil que foram ao Estádio do Dragão. Merecido. Com o Moreirense a “perder-se” durante alguns minutos, o 5-0 apareceu com alguma facilidade. Francisco Conceição, acabado de entrar em campo, soltou na direita em Fábio Vieira (hat trick de assistências), que deu a bola a Pepê, também em campo há poucos minutos, que se estreou assim a marcar pelo FC Porto.

Depois de Alvalade, depois de Madrid, o regresso ao FC Porto fez-se com eficácia, com uma juventude a mostrar serviço e com Luis Díaz a continuar o grande arranque de época que está a fazer. Feitas as contas, mandou a estatística e mandaram os jogadores lançados por Sérgio Conceição, que nunca tiraram o pé do acelerador, independentemente do resultado. Mandou a lógica, mandaram os dragões.